O correr e suas nuances" ( ou "A corrida e suas nuances" ) é uma obra criada e escrita por Pompeo M. Bonini: Projetada e idealizada para interagir ideologicamente e conceitualmente com todos os outros livros que escrevi. Nesta interação descobrimos os aspectos holísticos que são as novas nuances da vida... Basta clicar à esquerda nos capítulos ( hiperlinks ) descritos que você segue a tragetória que segui em épocas de treinos árduos ora com metas de competir, ora com metas de deleitar-me com o ato de correr e sentir a natureza. Em trilhas sinuosas pelas matas de lugares longíncuos ou perpassando o asfalto da cidade, seja fartlek ou longão correr é correr e quando passa a fazer parte de nosso estilo de vida provoca alterações em nosso modo de pensar e sentir a vida por alterar ou amplificar determinadas sensações e pensamentos que provêm de quê? Essa é a meta desta obra: buscar o cerne da verdade! Não deixe de fazer seus comentários ao final de cada capítulo, isto contrinuirá para nossas efusivas, enfáticas e complexas reflexões!

9.5.09

CAP. 8 - A CORRIDA E SUA GRAÇA.

CAP. 8 - A CORRIDA E SUA GRAÇA.
Um corredor contempla estupefato a beleza e magnitude do mundo em que vive.

Obrigado espírito altruista!
Força que se expande de meu ser
Me parece tudo uma prenda
De alma renovada me sinto ao correr
Cantar os pesares minha alma manda
Vários e distantes lugares posso ver
Ao pensar em tudo o que anda
Aqui de verdade minha felicidade pode tanger
Se tudo o que me cerca manda
Proclamo então a ajuda que você têm a oferecer
Abasteço-me de tua oferenda
E rio do que pode acontecer
Não se tratando este de um livro quaisquer, devo dizer primeiramente neste capítulo que a corrida não se restringe a aspectos meramente competitivos, sua abrangência é muito grande. A discussão sobre este assunto pode portanto ser de uma gama infinitamente variada, nossos objetivos são igualmente variados, ou seja, discutir e refletir sobre este assunto de maneira que venham a ser abertos novos caminhos e possibilidades de pensamentos. Toda a graça e leveza que existem na palavra de um poeta também existem no prazer de correr.
Quando corro sinto algo bastante agradável, isso ocorre principalmente quando estou correndo em um ambiente que tenha contato com a natureza. Sinto-me parte integrante de um todo maior. Vejam as seguintes insinuações, tratadas através de diversos temas que talvez possam interessar ao ávido leitor, e nunca interessariam ao leitor enfadonho, que é justamente aquele que não sabe exatamente o motivo de estar lendo algo, sem mais delongas entremos de forma direta com os temas:
a) As paisagens
b) Sentimentos ideológicos
c) Sentidos físicos
d) Necessidades fisiológicas
A - As paisagens.
“Correndo em uma trilha projetada no meio de uma espessa mata, o medo de aparecerem cobras ou outros animais perigosos me envolve por momentos, este medo é uma sensação passageira, que faz parte de meus instintos animais, instinto de sobrevivência. A imensa beleza natural que me cerca é algo que me faz vibrar por dentro, cada árvore, os sons dos pássaros e o arfar das árvores, plantas exóticas como as interessantes Bromélias, tudo parece estar na mais plena harmonia. O sol não entra através da espessa mata, somente em alguns pontos.”
Este é um breve relato de coisas que me acontecem enquanto estou correndo, são visões que tenho tão atraentes como é a natureza, há entretanto um forte sentimento de integração com a natureza, como se você enquanto estivesse correndo e fazendo todo o esforço que pode fazer estivesse na verdade se comunicando com a natureza. É muito interessante notar como este sentimento de integração é importante, e que na realidade faz com que cada corredor de longas distâncias não esteja exatamente solitário, estando ele onde está. As visões que temos enquanto corremos pela natureza podem ser das mais variadas, desde visões deslumbrantes até visões monótonas. Uma paisagem por exemplo à 2500 metros de altitude é algo fantástico e inesquecível, aumentando ainda mais o sentimento de integração, montanhas e montanhas lá em baixo, acima das nuvens um corredor contempla estupefato a beleza e magnitude do mundo em que vive. Para dizer algo a vocês leitores quero documentar fato bastante relevante nestas humildes linhas a que me proponho a escrever: os seres humanos que vivem em nosso planeta não vivem de verdade... Quê é viver de verdade? As pessoas não têm noção da amplitude do mundo em que vivem, o esplendor de uma grande paisagem é algo que não se compara às nossas vidas na cidade, para dizer o correto a cidade ao mesmo tempo que pode ser considerada um grande progresso do homem pode ser também dito que a mesma em que você e eu vivemos é algo que criamos para distorcer a realidade do mundo, vivemos portanto fora da realidade, o que é um erro já que nossos corpos fazem parte da natureza. Assim sendo: os humanos não têm uma idéia correta sobre o lugar em que vivem, e, se pensarmos de forma mais abrangente iremos chegar ao universos, e consequentemente às questões que são relativas à filosofia. Sendo estas visões belas um grande estimulo para correr há de se ressaltar que o ato de olhar para uma linda paisagem estando parado sentado ou em pé é completamente diferente que correr e ao mesmo tempo olhar à esta mesma paisagem, pois a impressão que se têm é que a corrida é uma transformadora dos sentimentos humanos. Você têm aquele sentimento de união com a paisagem, bastante agradável este sentimento. A visão é portanto algo que é como um tesouro para o corredor, imagine que alguém corra 42 Km ou até mais e no final encontre uma paisagem maravilhosa, parando de correr olha à esta paisagem e sente-se premiado por todo o esforço realizado. Você acha que os sentimentos e sensações deste corredor são os mesmos que os do turista que decidiu ir até aquele lugar de carro? Além de poluir o ar limpo da natureza com bióxido de carbono este turista não pode contemplar a paisagem da mesma maneira que nosso personagem corredor, tantos sentimentos e sensações que é necessário agradecer à corrida por tantos benefícios que nos traz.
B - Sentimentos ideológicos.
Além das visões e sentimentos relativos à esta que temos enquanto corremos, existem outras coisas como os sentimentos decorrentes de idéias voltadas à própria natureza. Estes serão os sentimentos ideológicos. Tentarei me explicar: Há o medo de animais vorazes aparecerem, e este é um medo real, pois é algo que pode realmente ocorrer, a mente humana porém é muito rica em criações pessoais, vemos isso claramente na cultura popular, que logo cria seus deuses, demônios, anjos, bichos misteriosos entre muitos outros personagens. Por quê ocorrem estas criações? São seres que vêm da natureza dos sentimentos e medos dos seres humanos. Veja a seguir a descrição de alguns sentimentos e pensamentos que me ocorreram durante as corridas que pratiquei totalmente inserido em uma mata:

“Estou correndo em velocidade rápida, a natureza parece ser grande amiga minha, tenho a impressão que de certa forma estou me comunicando com ela, porém nem todas as sensações me são agradáveis, está começando a escurecer e ainda estou bastante longe de meu destino, por isso tenho medo que escureça e eu fique perdido na mata, pois com o escuro nada se vê. Há uma sensação que parece se apoderar de min: me sinto vigiado, talvez esta sensação seja devida ao grande tempo que me encontro solitário nesta mata, mas não consigo me desvencilhar desta sensação, parece que estou sendo vigiado ou perseguido por alguém que não quer ser visto de jeito nenhum. Por instantes penso Ter visto algo, mas não é nada, somente uma sombra. O medo ou esta estranha sensação também vêm quando escuto distantes sons ou vejo o vento brigando com as folhas das árvores.”
Seria uma paranóia este sentimento de perseguição se analisarmos do ponto de vista de um homem da cidade grande, mas o que acontece é que isso está devido à própria natureza humana, que quando se encontra solitária por muito tempo em lugares distantes passa a criar coisas, são artifícios que até hoje não descobri os motivos. Além desta idéia, muitas outras podem ser criadas na cabeça de uma pessoa que corre, estas poderiam ser relativas à outras pessoas, não somente relativas à medos, mas também a outros sentimentos. Sábado, 10 de Novembro de 2001 Nós não conhecemos portanto quais são exatamente os artifícios de nossas próprias essências, ou seja: os recursos que o cérebro utiliza nestes momentos de solidão. Eu diria que não é exatamente um momento de solidão propriamente dita, já que há o sentimento de integração com a natureza, que é um sentimento pleno e bastante apreciável, sem comparação com outros sentimentos. Mas, como vemos na cultura popular há uma série de invenções ideológicas, que são descritas através de lendas e ditados que visam deturpar a realidade. Mas ao mesmo tempo que distorcem o real, este imaginário tenta explicar algumas coisas que não têm explicação, por exemplo: o medo de estar sendo vigiado é um medo que não têm fundamentação já que racionalmente sabe-se que se está sozinho, ocorre que este medo não provém da razão e sim dos sentimentos, e sabemos que a razão na maioria das vezes não é compatível com os sentimentos. O motivo dos sentimentos estarem alterados desta maneira talvez seja a ausência de companhia humana, já que estamos tão acostumados a conviver em grupo. Na verdade conviver em grupo é também uma forma de alienação do mundo, pois assim não experimentamos todas as possibilidades existenciais, e viver solitário é uma destas possibilidades. Portanto para conhecer o mundo e a nós mesmos devemos experimentar tudo o que for possível, neste sentido, o corredor solitário que corre na natureza é um pouco mais completo que as pessoas que vivem em grupo, pois ele sabe exatamente quais são os sentidos, sentimentos e pensamentos de uma pessoa que passa muitos momentos em solidão.
Há, como já foi citado anteriormente, muitos outras idéias que podem vir à tona enquanto um solitário corredor empreende sua jornada infindável. Veja a seguinte descrição feita por um corredor que mostra toda a sua ligação sentimental no que se refere às relações entre os seres humanos, comprovando ainda a influência da corrida de forma bastante forte nestes pensamentos:
“Quando estou correndo muitas vezes me encontro pensando em outras pessoas, e conforme penso nelas e nos sentimento que tenho para com elas penso também em min, no que estou fazendo. Meus esforços são de certa forma voltados para as pessoas que gosto, me sinto pleno em relação ao mundo todo. Minha mente se entretém por períodos longos pensando nestas pessoas, assim como meu coração que despende grandes laivos de sua energia sentindo por estas pessoas sentimentos que até então não me afloravam à margem de minha consciência”
É admissível a teoria de que a corrida faz com que os sentimentos humanos se tornem muito mais verdadeiros e complexos, não se restringindo apenas a palavras e frases efêmeras, que tantas vezes não retratam as verdadeiras raízes de nossos corações. Por quê vemos tantos maratonistas chorarem de emoção nos finais das provas e competições? Não é tão somente devido às causas biológicas, de dores e de esforço físicos, níveis de lactato exageradamente alto, mas sim, às idéias que estão passando na mente deste corredor no momento em que corre, na ligação mental que este possui ou crê possuir com a platéia que o aplaude entusiasticamente. Nas pessoas em que está pensando, que porventura o ajudaram em seus treinamentos, no técnico e em quaisquer pessoas com quem tenha relações sentimentais. Portanto há, de fato, variadas criações ideológicas por parte do corredor.
A cidade grande distorce de forma negativa as relações interpessoais, não há mais a simplicidade dos sentimentos, todos ficam querendo falar tudo ao mesmo tempo, vivem em grupos, e ainda assim não dispõem de tempo para olharem-se nos olhos e dizerem as coisas mais simples de tudo, há uma degradação do ser humano na cidade grande e dentro desta degradação faz parte as relações entre as pessoa, de fato há uma relação, que na maioria das vezes é supérflua e que ignora os sentimentos mais profundos da alma. Não há tempo para nada, somente para trabalhar e ganhar dinheiro, Ter o carro do ano e outros bens de consumo. É fato que a sociedade capitalista trás ganhos consideravelmente produtivos no que se refere à vida prática, porém em relação aos sentimentos e simplicidade humanas faz perder em muito para sociedades mais simples muitas vezes consideradas atrasadas.
Intentemos agora pensar em outros aspectos...

C - Sentidos físicos.
Brevemente citados no item anterior este é aquele que se refere às sensações físicas como dor, prazer, frio ou calor. Podem ser sensações exteroceptivas ou interoceptivas, provocadas pela corrida ou por fatores que a envolvem. Vejam a seguinte descrição, que explana sobre este assunto:
“Estava eu correndo através de uma estrada... Estava muito calor, o sol era realmente escaldante, até que em determinado ponto meu nariz começou a sangrar, a respiração era dolorida, e o calor fazia com que minha pele ardesse, assim corri até uma fonte de água límpida onde me refresquei com grande alegria por haver chegado àquele lugar, senti a água gelada e fresca cair através de minha nuca, e de minha cabeça, tomei muita água sentindo-me revigorado com isso. Ao sair da fonte senti um forte vento passar por todo meu corpo, uma sensação muito agradável estar com o corpo molhado pelo frescor da água da fonte e inserir a isso uma breve ventania, mas haviam mais seis quilômetros a correr, e a horrível sensação de calor tornara a aparecer, o asfalto era aquecido pelo sol de forma que o calor era cientificamente superior ao que parecia ser. Era um grande suplício que fazia com que eu lutasse contra min mesmo, finalmente cheguei ao destino, banho fresco, roupas e cuidar do nariz sangrando.”
Estas são sensações que podem ocorrer à um corredor de longas distâncias, tornando as coisas muito mais difíceis do que parecem ser, enfrentar um sol escaldante não é nada agradável, mas chegar à uma fonte de água após uma hora de desértico sol é fato relevante que causa uma alegria incomparável, alegria esta que foi provocada pela dor, pois se não houvesse dor e sofrimento igualmente não haveria alegria suprema e o prazer fisiológico de se deleitar com uma simples fonte de água. O fato é que a corrida é uma forma de abstinência dos prazeres humanos, estamos afogados em prazeres e não sabemos o que é dor e sofrimento, justamente porquê nossa sociedade vive em total comodidade não passando fome, e evitando a qualquer custo as doenças e desprazeres da vida. Se temos que viver uma vida plena, para conhecer a realidade que é este mundo devemos também conhecer todos os desprazeres quanto forem necessários. Se você não conhece a noite não sabe exatamente o que é o dia. Pois se você têm tudo “de mão beijada” não saberá dar valor ao que têm, se não conhece o verdadeiro sofrimento não saberá quais são os verdadeiros sentimentos de uma pessoa que senta-se no chão para descansar, ou mesmo que come uma simples maçã. A maçã parece ser muito simples do ponto de vista da nossa sociedade, mas como sabemos um objeto ou uma idéia pode ser visto de infinitos ângulos, e eis o que quero dizer: esta mesma maçã pode ser comida de infinitas maneiras, pode-se sentir todos os recantos e prazeres que uma maçã pode proporcionar, mas para isso antes é necessário passar muita fome, para que a pessoa se sinta voraz a ponto de comer uma banana com casca sem sentir-se mal ou deglutir uma melancia com caroços sem o menor ressentimento. Pois vejam caros leitores a seguinte descrição de fatos que me ocorreram de forma absolutamente verídica, por curiosidade na primeira maratona que corri:
“Não sabia que correr maratonas fosse algo tão difícil, parece ser algo impossível de cumprir, os sentimentos emergem-me ao recanto de minha alma, não sei direito o que ocorre comigo... Está muito difícil continuar correndo... Finalmente o posto de frutas... Peguei muitas bananas e melancias e comecei a comer como um troglodita comeria após a era glacial. Finalmente a chegada e o sprint final, e, além de muitas dores nas pernas sinto uma fome voraz, que me faz comer como desesperado, porém sinto um prazer inigualável em tudo o que estou comento, eu diria que esta é a melhor refeição da minha vida!”
O gosto dos alimentos é realmente mais agradável quando o corpo pede por algo para sua própria sobrevivência. E pensar que onde vivemos há café da manhã, lanche, almoço, lanche, janta e lanche. Os sentidos relativos ao paladar ficam completamente entorpecidos, e do contrario após à maratona estão mais aguçados que nunca.
A sensação de frio e calor é exteroceptiva, pois é provocada por fatores externos ao corpo humano, enquanto que a fome é interoceptiva, uma sensação portanto do próprio corpo. Tal como a fome a dor é igualmente interoceptiva, e podemos descrever com clareza, para o melhor entendimento do leitor, um caso destes. É estritamente necessário porém citar que todos estes sentidos de que estamos tratando podem perfeitamente criar sentimentos. Sabemos com isso que os sentimentos podem porvir de idéias ou mesmo das sensações que são provocadas pelos sentidos. Entremos agora na descrição:
“Eu corria, corria muito rápido, e me desempenhava muito bem, acho que nunca houvera estado em um ritmo tão bom quanto aquele que estava naquele momento, era um treino forte, mas grande sentimento de injúria se apoderou de min quando fui obrigado a reduzir aquela fantástica velocidade, em decorrência de uma dor na região abdominal. Muita raiva perante ao nada. Não era culpa de ninguém, somente minha. Diminuí drasticamente a velocidade, sentindo aquela dor que em termos físicos não me incomodava tanto quanto em termos psicológicos, pois era pior meus sentimentos ligados à redução de velocidade que a dor propriamente dita.”
É portanto devido às causas fisiológicas que ocorrem estes tipos de dores, mas as dores em si não são os problemas, às vezes pode ocorrer uma dor, e contanto que o corredor continue em seu ritmo rápido ele não se encontrará triste, pelo contrário: estará muito feliz com o ritmo empreendido, e a dor seria por assim dizer como um prêmio pelo seu magnífico feito, porém a partir do momento em que a dor o obriga a fazer algo que esteja fora dos procedimentos previstos para o momento ele estará mentalmente desgastado e bastante triste por dentro, já que ele está de certa forma tendo uma discussão muito séria com seu próprio corpo, e às vezes esta discussão pode se tornar uma briga bastante feia, podendo em ultimo caso chegar à separação, mas mesmo que seja assim pode haver a possibilidade de uma reconciliação ( seria neste caso as dores crônicas ). Creio que o leitor tenha achado certa graça nas insinuações antecedentes, que não passam na verdade de mera comparação, porém que mostram em toda a sua graça que a corrida é em si uma conversa do corpo com os sentimentos, ou do corpo com a mente. Se está doendo determinada parte do corpo, significa com toda a veracidade que este está dizendo que há algo de errado, e que você está sendo um idiota não respeitando as leis que regem a sua própria natureza, e assim ele ( o corpo ) acaba ficando furioso por sua insolente insistência, mas você, se achando a pessoa mais espertalhona do mundo responde de forma nada fidalga à ele, com palavras bastante ásperas e insultuosas, quero dizer que você aumenta o ritmo de forma vertiginosa. Se corpo ( Poderíamos numa brincadeira sadia dar um nome à ele... Vejamos... Poderia ser: Seu corpo... Secorp. ) Pois então como Secorp é uma criatura de grande paciência ainda tenta avisá-lo de que há algo bastante errado, e diz isso através da dor que o persegue. Você tenta não escuta-lo, de forma que ele sentindo-se rejeitado por sua ignorância decide-se separar de você. Assim ocorre algo grave e você não pode usufruir das vantagens que ele lhe dava. É na verdade uma relação de simbiose o que ocorre entre corpo e mente.
São estas sensações interoceptivas que influem no estado emocional da pessoa que corre.

D – Necessidades fisiológicas.
Conforme dito, haveria um tópico específico para o assunto aqui apresentado. Com bastante paciência, o leitor interessado neste assunto esperou, mas não queira pensar que aqui falaremos somente das diarréias, há bastante assunto, para abranger mais de um pensamento. Para que este tópico fique agradável aos olhos do leitor é necessário ímpia fluidez, porém trata-se de uma verdadeira falácia já que difícil é encontrar fluidez em tópicos tais como estes. Contrariando devidamente tudo o que acabei de proferir, para dignação ou indignação do leitor direi que este é bastante fluente.
Quando Falamos de necessidades fisiológicas logo lembramos de corpo, porém estamos em uma infinita negação das verdades já estabelecidas através dos estudos que o homem fez. Então por tais motivos diremos que até nesta situação poderemos relacionar esta palavra à mente.
Veremos inicialmente o que foi dito na descrição do Capítulo 7, Tópico A. Pois ali estava escrito que o corredor após uma diarréia se sentiu muito melhor fisicamente, fato bastante interessante, pois neste momento a diarréia serviu como uma espécie de saída para o estado febril em que encontrava-se o corredor, pensou ele por instantes que aquilo faria mal, quando na verdade melhorou sua situação. O corpo possui saídas inteligentes para determinados problemas.
Tão escassos foram meus comentários à respeito desta última descrição que me vejo obrigado a colocar outra aqui:
“Já havia corrido cerca de 10 quilômetros naquela estrada praiana, era muito agradável a sensação de salgada umidade provocada pelo vento, velocidade estava bastante rápida, estrada bastante movimentada que dava passo à outra praia. Inesperadamente me deparei com uma vontade louca de descarregar minhas necessidades fisiológicas sólidas, meu ritmo diminuiu bastante, pois era difícil correr daquela maneira, o pior de tudo era pensar que aquela era uma estrada muito movimentada e não havia sequer lugar onde eu pudesse defecar. Uma situação extremamente constrangedora, quando para minha felicidade havia um terreno baldio à direita da estrada. Instantaneamente corri para o local, e, me certificando de que não havia ninguém por perto entrei no matagal, que não era tão espesso quanto queria que fosse, sem reclamar do banheiro natural com que me deparara entrei e tentei me esconder ao máximo atrás de uns arbustos, que além de prestarem o serviço de me ocultar dos carros que passavam funcionavam como excelentes papéis higiênicos. Olhando novamente nas cercanias para me certificar de minha solidão levanto-me vitorioso, e continuo minha jornada de treinamento com a maior naturalidade possível.”
Com grande probabilidade de provocar estrondosa gargalhadas no leitor, esta é mais uma descrição, que é bastante comum no caso de corredores de longas distâncias que se prezam a fazer treinamentos com a maior seriedade. De jocosa hilaridade é verídica, e simples como é a vida dos antigos homens que habitavam nosso planeta nos tempos antigos, a gente que seguramente acha que este tenha sido um procedimento horrendo, esquecendo-se porém que a pesar de seres humanos somos animais, e estamos assim sujeitos ao natural. Desmistificando a falsidade na qual vivemos, é fato de risos ver alguém cagando em uma estrada, por isso o corredor deve esconder-se devidamente para não ser alvo de gritos e aclamações injuriosas. Parece ser este um assunto sem importância, para qual, eu, escritor estou me voltando. Como um escritor pode dar tanto valor à assuntos de tamanha comicidade com toda esta seriedade. Na verdade vos digo: tudo pode ser discutido de uma forma séria, de modo que sejam chegadas às importantes conclusões. Vejam bem leitores: se parece esta descrição motivo de ignorante piada seus comentários do contrário são de importante conhecimento.
Vivemos em um mundo cultural, esquecemos que o mundo que nos cerca é natural, tudo aquilo que é criado pelos seres humanos é artificial, e, a própria cultura que criamos é de certa forma artificial, vejam bem que o fato de fazer sexo, ou necessidades fisiológicas são na verdade imprescindíveis para a sobrevivência e postergação da humanidade. Quando vemos alguém se alimentando cremos que é algo muito natural, porém para as necessidades é se necessário privacidade, fato que é criado pela cultura do homem. Chegamos a discutir de forma bastante expansiva um tema que de início parecia bastante simples, e vou além disso, pois os sentimentos que dominaram o corredor nestes momentos foram da mais pura vergonha e ódio por haver ocorrido esta situação, que conforme descrita por sua própria pessoa fora situação constrangedora.
É fato que fora irrepreensível procurar lugar para se esconder das injurias, os pensamentos eram devidos aos motivos culturais empregados pela sociedade, provocando grande problemática, já que desta forma a parte psicológica do corredor fica extremamente alterada, a vergonha seria o sentimento por ele tido. Ainda mais se ocorresse o caso de ele não encontrar lugar devido e esborrar-se por inteiro, se bem que cada um possui uma gama de valores culturais e ideológicos diferentes entre si, e poderia ser caso de o corredor não dar a mínima importância para este fato, não se sentindo constrangido, tampouco envergonhado por isso.
Como dito anteriormente, falei à você apreciado leitor, que não me contentaria em dissertar sobre o assunto de necessidades fisiológicas de forma simplória, de forma que saindo do assunto das necessidades chegamos à parte de cultura e valores pessoais, e ocorreu que o assunto se estendeu como se estende um elástico ao último nível antes de estourar, porém antes de estourar vamos parar o assunto este por aqui.

Um comentário:

  1. Tem como colocar uma relação das provas tradicionais, dividir as que são melhores para iniciantes e as boas pra quem está mudando de categoria, de 10 para 25km por exemplo

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