O correr e suas nuances" ( ou "A corrida e suas nuances" ) é uma obra criada e escrita por Pompeo M. Bonini: Projetada e idealizada para interagir ideologicamente e conceitualmente com todos os outros livros que escrevi. Nesta interação descobrimos os aspectos holísticos que são as novas nuances da vida... Basta clicar à esquerda nos capítulos ( hiperlinks ) descritos que você segue a tragetória que segui em épocas de treinos árduos ora com metas de competir, ora com metas de deleitar-me com o ato de correr e sentir a natureza. Em trilhas sinuosas pelas matas de lugares longíncuos ou perpassando o asfalto da cidade, seja fartlek ou longão correr é correr e quando passa a fazer parte de nosso estilo de vida provoca alterações em nosso modo de pensar e sentir a vida por alterar ou amplificar determinadas sensações e pensamentos que provêm de quê? Essa é a meta desta obra: buscar o cerne da verdade! Não deixe de fazer seus comentários ao final de cada capítulo, isto contrinuirá para nossas efusivas, enfáticas e complexas reflexões!

10.5.09

CAP. 7- OS SONHOS TÃO ALMEJADOS

CAP. 7- OS SONHOS TÃO ALMEJADOS
Quem nunca chegou a falar que seu sonho era completar uma maratona? Ou então ouvir alguém dizer isso? Quando dizemos assim a palavra sonho está colocada de uma forma a querer dizer desejo ou vontade, na verdade eu quero completar uma maratona, mas como é algo ainda um pouco distante de minha realidade eu digo que tenho o sonho de completar a maratona. Por quê a idéia de sonho está relacionada a algo que está distante? A resposta a esta pergunta está justamente na análise que podemos fazer dos sonhos.
Os sonhos são sempre coisas que estão, ou parecem estar, distantes de nossa realidade, geralmente com temas extravagantes, exagerados e ficcionais. Por isso achamos que são histórias ridículas, que muitas vezes não fazem sentido. O grande problema é que sempre que analisamos um sonho utilizamos como ferramenta para este feito nossas razões, e a razão possuí algumas limitações que fazem com que não entendamos como funcionam os sonhos. O sonho seria neste caso uma expansão da razão, assim, quando estamos sonhando estaríamos entrando em nossa verdadeira consciência, o quê os psicólogos chamariam de sub-conciente. Nós mesmos somos o subconsciente, que se forma a partir de vontades e sentimentos que de certa forma não são visíveis à luz da razão. Este é o motivo que faz com que os sonhos pareçam ser tão estranhos e enigmáticos.
Se pudéssemos realmente entender o quê querem dizer os sonhos, poderíamos nos entender de maneira mais completa, e assim facilitar o entendimento de nossos sentimentos em relação ao mundo que nos cerca.
Já tive diversos sonhos em que estava correndo, e creio ser isso um fato comum aos corredores, são sonhos estranhos, mas que mostram como gosto de correr. Certa vez voltando de uma viagem que havia feito para disputar uma maratona sonhei que estava correndo em outra prova, é muito cansativo pensar que após correr 42Km 195mts. você vai dormir e inesperadamente sonha que continua correndo, fato que mostra como a realidade mental é bastante diferente da corporal, pois a mente suas vontades e pensares ainda estavam extremamente ligados à corrida, enquanto o corpo tentava se recompor.
Correr é portanto um processo acima de tudo mental. No intuito de expandir os conhecimentos acerca dos sonhos, iremos aqui procurar dividir este assunto em diversos tópicos, assim como são retratados:
A ) Mistério e desconhecido.
Chegada a broma anterior volvamos agora a discutir causas mais sérias, tal como o mistério que envolve o corredor. Quê seria este mistério? Proveniente do medo e do desconhecido é aquilo que chamamos de mistério. Particularmente tenho grande fascinação pelo mistério, mas, não só eu como a essência do ser humano possui algo de atração pelo mistério, É fato quer por ser desconhecido é algo que merece de nossa parte a maior precaução possível, pode tratar-se de algo hostil e perigoso. Quando crianças temos em geral medo do escuro, e não muito estranho ocorrer esta sensação quando adultos, pois acostumados ao berço da cidade, tememos algo no que se refere à escuridão solitária de uma selva inóspita. Alguns fatos que ocorrem em nossas vidas muitas vezes são dignos de serem relacionados com o que dizemos ser mistério ou situações estranhas, e muitas vezes estas ocorrências estão relacionadas com os sonhos. Na verdade durante os sonhos são colocadas todas as nossas sensações do dia a dia, porém é muito misterioso deparar-se com uma premonição em um sonho.
Vejam a seguir a seguinte descrição:
“Estava na cidade de Curitiba, região sul do Brasil, especificadamente na casa de um primo, nunca houvera corrido uma maratona antes. Era eu um garoto ainda, com meus 17 anos de idade, e estava realmente bastante excitado com a idéia de completar uma maratona. Havia também um certo nervosismo. Um dia antes da prova tive uma diarréia, e num momento achei que aquilo iria acabar com minha resistência física, mas do contrário, após fazer todas as necessidades saí muito mais leve, parecia inclusive haver passado um suposto estado febril juntamente com a diarréia, fato que julguei de suma importância para meu bem estar físico. Havia chegado a noite antecedente à prova, não constava com quaisquer experiências deste porte, dormi. Ao despertar no dia seguinte recordei-me claramente do sonho que houvera tido: ficava conversando em inglês não sei com quem, sonho que no momento julguei ser sem importância, já que não domino esta língua tampouco utilizo-a com freqüência. Finalmente a maratona, correr e correr, era um sonho que estava se realizando, foi de surpreendente cunho a constatação de que no quilômetro 30 havia um posto de frutas, me recordo com perfeição: eram gomos de tangerina, fiquei muito satisfeito com a reposição, esta que meu corpo há muito pedia, quedei-me impressionado com o fato de haver um estrangeiro que gritava em inglês palavras e frases de estímulo, no exato momento revidei os gritos com palavras proferidas no último volume que me era possível: - I am a runner – Every body is running to arrive! Acreditei ser aquele fato digno de conotação, acontecimento extraordinário”
Descrição bastante larga esta meu caro e bom leitor, que até parece retratar factos adicionais além de nossos interesses, porém o motivo de toda esta parlaria está relacionado justo aos nossos estudos, que ao mesmo tempo que requerem determinada especificidade não fogem à grande abrangência de outros possíveis assuntos de igual valia. Assim sendo, nosso objetivo inicial é discutir sobre o mistério que podem provocar os sonhos, ou mesmo as chamadas premonições, que assustam o homem enquanto ser humano por serem de pouca ocorrência, e consideradas como meras coincidências.
Na parte da diarréia peço que os leitores, além de terem tido a paciência de haver lido, tenham a resignação de esperar até chegarmos ao capítulo 8, tópico D, onde comentaremos algo relacionado às necessidades fisiológicas. Sendo assim este assunto estará enterrado por agora.
Retornando aos nossos dizeres anteriores, o mistério é o desconhecido. Há uma pergunta que parece querer se esconder de nossos olhos tal como se esconde o mistério: Pode o mistério ser conhecido? Nunca, esta seria a resposta mais cabível, pois se ocorrer de descobrirmos os mecanismos do mistério, este então não será mais mistério. A criança que se julga mais esperta acaba, de forma muito perspicaz descobrindo que o Papai Noel era uma representação de um personagem, porém no mesmo momento em que faz esta descoberta desaparece todo o mistério que estava envolto a figura deste personagem. Assim é tal como ocorre com a ciência, que descobrindo uma verdade passa a julgar que aquele fato que inicialmente parecia estranho é na verdade muito simples, lógico e às vezes não entendendo sua incompreensão anterior à acontecimento de tamanha simplicidade. Não se sabia exatamente o motivo de as coisas caírem para baixo, some te quando foi proposta a lei da gravidade por Isaac Newton ocorreu o que é chamado de explicação.
Pois, nós leigos não entendemos muitas questões, mas já é grande progresso construirmos tais perguntas, pois assim não ficamos jogados como baratas tontas, em que a natureza comanda os caminhos sem sequer que nós entendamos o que está acontecendo.
Muito provavelmente este assunto esteja ficando um pouco confuso, deveríamos então discutir de uma forma mais simplista e objetiva, pois então perguntem-se vocês caros leitores os motivos de uma premonição. Para quê serviria tal poder mental? Talvez adiantar-se no tempo seja uma verdadeira loucura, mas uma coisa posso Ter certeza, é acontecimento intrigante e bastante escasso, que na menor das hipóteses serviu-me para trazer uma alegria momentânea e um grande estímulo para continuar correndo.
Os sonhos são por certo uma expansão da consciência humana. Seriam eles a expansão ou o estado de vigília seria uma repreensão da consciência? Esta dualidade de idéias nos faz perceber e ter a seguridade de que há uma diferença entre estar acordado e sonhar, a premonição é um fenômeno que se insere no campo da parapsicologia e dá margem a interessantes divagares, tais como a concepção de tempo que foi definida pela humanidade. Somos, por via raciona, induzidos a pensar que mediante o fato de conceber-se o futuro antes que ele ocorra é um mistério, isto somente porque não conhecemos os mecanismos psíquicos que compões e arquitetam este processo. É deserto viável crer que o sonho sendo uma evasão da psique humana, durante à noite estaríamos muito suscetíveis à maiores níveis de consciência, entendendo esta consciência como uma realidade mais abrangente. Assim a mente se desfragmenta e não se restringe ao tempo presente.
Do contrário poderíamos nos basear na suposição e que não se tratou o caso supraescrito de premonição, mas sim de um contato ocorrido no presente, o suposto “inglês” já estaria durante à noite psiquicamente ligado, entretanto só demonstrou este contato no outro dia. Assim não seria previsão do futuro, mas sim uma maior sensibilidade à realidade.
E assim se passa com os corredores uma gama de sensações, pensamentos e sentimentos que em muito ultrapassa a mera corrida, atingindo patamares estratosféricos da psique. A consciência humana por certo é maior da que pensamos ser, e por mais inconcebível que possa parecer, disserta-se ainda sobre as concepções de tempo e espaço, e ao maratonista isto é o que mais interessa já que ele corre mediante estes dois princípios.
O tempo e o espaço não são importantes para a consciência, mas sim para os horários de chegar ao serviço, almoçar, jantar, ir ao cinema, jogar futebol ou iniciar um treino. Ironicamente à consciência profunda nada disto importa, não existe tempo à ela: Uma lembrança é o retorno no que decidimos conceber de tempo, a ansiedade é a ida ao futuro, sendo então o tempo maleável e suscetível às mudanças pela consciência ele não existe. É como dizer que um quadrado pode se transformar num círculo e logo num triângulo, logo ele não existe, ou pode existir se assim acharmos. Os sentimentos são o que definem a realidade, fico entusiasmado com a idéia de que um filme gravado à anos, ou um livro escrito à centenas de anos pode provocar prantos, lágrimas ou risos e gargalhadas. Isto simplesmente provaria a inexistência do tempo, ou de sua importância.
O espaço é flagrado sem importância quando diz-se que sonhou-se com uma realidade antes que esta ocorre-se, concebe-se assim que se minha consciência se aliou com outra sem que se precisasse viajar ou se deslocar fisicamente que não há importância no espaço, ou que este inexiste. As implicações destas concepções filosóficas trazem-nos concepções divergentes das quais nos adaptamos, e por isto causam grandes impactos em nossas acepções. Pode o corredor já sentir a psique de outros corredores que estão mais à frente? Uma lembrança durante a corrida pode lhe trazer mais ou menos forças? Para a mente não há importância de tempo ou espaço, mas para o corpo sim, acontece que enquanto se corre a mente pode estar deslocada à outras realidades, tempos ou lugares e isto por certo terá repercussão crucial no corpo.
Corremos atrás de sonhos durante toda a vida! Sempre queremos atingir metas, alcançar objetivos, isto é sonhar. Sonhamos durante toda a vida. O sonho é a formação prévia de uma idéia em nossas mentes, ou seja algo que vêm do futuro ao presente, particularmente achei bastante peculiar a idéia já proferida daquele que sonha completar uma maratona, o que é um feito relativamente difícil. É então uma futurização de seus pensamentos, a realidade já entrou no campo da consciência, e se ele já está “sonhando” para a consciência esta idéia já é uma realidade. O grande equivoco é que quando falamos na palavra “idéia” imaginamos como algo que está distante, algo surreal, abstrato, fantasioso, em suma: algo irreal. Acontece entretanto que as idéias são tão reais quanto são os pensamentos, são definidas pelo mecanismo da razão, e por certo para a consciência elas são as coisas mais fidedignas que possam existir, mais real que a realidade que nos cerca, justamente por isto cada pessoa vê o mundo de uma maneira diferente, os loucos acreditam tanto em suas idéias que esquecem-se do mundo “físico”. Quem disse que nós não somos iguais à eles? Confiamos piamente em nossas idéias ou a designamos como sonhos no intento de convencermos de que são coisas distantes?
Ninguém têm um sonho. A pessoa não deveria dizer: eu tenho tal sonho, mas sim eu sou este sonho. Já que é assim: Eu sou o sonho de correr uma maratona. Ou: Eu sou a idéia de correr. Entramos supostamente no campo das idéias de Buda, que disse que os seres são o que pensam. Mediante esta linha de raciocínio proponho uma pergunta: Somos a consciência ou o corpo? Seria o corpo mero instrumento da consciência? Eu penso logo existo? Ou: Eu me movimento logo existo?
Nesta duvida existencial é possível tomar como base o movimento como a existência do ser, já que movimentando-se têm-se a percepção do corpo no espaço e do corpo para com o próprio corpo. Quê seria então do sonho? Uma alucinação e distorção da realidade?

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