O correr e suas nuances" ( ou "A corrida e suas nuances" ) é uma obra criada e escrita por Pompeo M. Bonini: Projetada e idealizada para interagir ideologicamente e conceitualmente com todos os outros livros que escrevi. Nesta interação descobrimos os aspectos holísticos que são as novas nuances da vida... Basta clicar à esquerda nos capítulos ( hiperlinks ) descritos que você segue a tragetória que segui em épocas de treinos árduos ora com metas de competir, ora com metas de deleitar-me com o ato de correr e sentir a natureza. Em trilhas sinuosas pelas matas de lugares longíncuos ou perpassando o asfalto da cidade, seja fartlek ou longão correr é correr e quando passa a fazer parte de nosso estilo de vida provoca alterações em nosso modo de pensar e sentir a vida por alterar ou amplificar determinadas sensações e pensamentos que provêm de quê? Essa é a meta desta obra: buscar o cerne da verdade! Não deixe de fazer seus comentários ao final de cada capítulo, isto contrinuirá para nossas efusivas, enfáticas e complexas reflexões!

5.5.09

Cap. 12 – PODER MENTAL

Cap. 12 – PODER MENTAL
Corrida da canção infindável
Correr com a alma
É sumamente diferente
Que correr na fria lama
Dos sentimentos não coerentes

Andar com o coração
É inteiramente igual
Que cantar uma canção
A não ser que sejas tu mortal

Pois imortais todos somos
Quando na alma impomos
Sentimentos verdadeiros
Inteiros e maneiros

Correr é como entoar uma canção com toda a plenitude de sentimentos e emoções. É despender toda uma energia que ficou acumulada criando uma sensação desagradável de estagnação. Há pessoas inclusive que conseguem viver em harmonia sem praticar quaisquer atividades físicas, não quero dizer que estas pessoas sejam fisicamente saudáveis, pois como sabemos a falta de atividade física faz com que o corpo não seja tão saudável quanto poderia ser. Mas do ponto de vista de saúde mental estas pessoas podem ser normais. Fato que creio bastante cômico quando penso que se eu não praticar atividade física por três dias consecutivos fico bastante triste, vejam a seguir o seguinte relato, que mostra alguns aspectos relacionados com o que estamos comentando:
“Tenho uma sensação de poder, somente pelo fato de saber que sou corredor, que corro diariamente. Me sinto de certa forma superior às outras pessoas, sejam elas quem forem. A corrida me proporciona uma sensação de plena superioridade, começo a crer que tudo o que me cerca é muito pequeno, seja qual for esta coisa... Sou um corredor, faço uma média de 18 quilômetros por dia, sendo que dois dias por semana chego a 32 quilômetros, uma distância de 150 quilômetros por semana, logo vejo que é isso que me faz sentir diferente em relação às outras pessoas. É como se eu tivesse um poder que estas pessoas nunca poderiam Ter, não poderiam não porque não têm a possibilidade, mas sim porquê falta em todos vontade, as pessoas são no geral fracas de mente.”
Este texto mostra claramente as características mentais de um corredor fundista. Segundo minha opinião pessoal, caracterizamos um ser humano para ser corredor fundista não somente pelas suas características físicas, mas principalmente por seus atributos mentais. A corrida da maratona requer muito mais força de vontade que condicionamento físico, é portanto uma prova que depende quase que exclusivamente das forças mentais do corredor. Não é qualquer pessoa que consegue ser corredor de fundo, antes de tudo deve-se saber quais são as características de seus pensamentos. O grande problema está no fato de nossa sociedade valorizar o bem estar, quantas vezes não nos deparamos com pessoas perguntando da seguinte maneira: - Mas você não cansa de correr tanto? A canseira esta de que estamos retratando é uma outra forma de viver, e à ela daríamos o nome de bem estar, outras pessoas erroneamente imaginam que bem estar é estar em casa sentado em um sofá assistindo seus programas prediletos. Grande falácia esta, imaginamos então que bem estar é estar bem, estou muito bem quando estou correndo minhas exacerbadas distâncias, é este um momento em que me deleito com minha capacidade física, com meu corpo, eu sou meu corpo e gosto muito de saber quais são minhas capacidades motoras, ainda que assim posso todavia desenvolver estas capacidades de forma a aumentá-las e tornar-me poderoso como dissera antes
O poder é a capacidade de conseguir algo. Assim como está na descrição supracitada ocorre uma grande sensação de poder. O corredor consegue fazer algo que outras pessoas dificilmente ou nunca conseguiriam, e quando este está ciente deste fato sente-se poderoso, como se estivesse em um pedestal, e todas as pessoas fossem de certa forma mesquinhas segundo sua visão, pode ele mostrar este poder de diversas maneiras, e às vezes de maneiras mal educadas é claro. Como não poderia deixar de ser devemos duvidar de todas às idéias que nos surgem aqui nestas linhas, pois na verdade a filosofia é o questionamento de tudo, assim sendo devemos perguntar-nos se o corredor realmente possui este poder. Não estamos tratando simplesmente dos corredores, mas sim da verdadeira essência dos seres humanos. Pois. Pode outra pessoa Ter este mesmo sentimento de supremacia em relação à outras coisas como dinheiro, capacidades artísticas, trabalho e outros mais. Estamos porém falando especificadamente dos corredores, seria de certa forma inconveniente pensar que este poder todo é falso, entretanto é idéia viável crer que é meramente uma situação totalmente psicológica, que depende muito das relações sociais.
Explicar-lhe-ei o que quero propor. Uma vez que o sentimento de ser poderoso é algo que só pode vir à tona quando o ser humano quer se comparar a outras pessoas digo que é um sentimento que depende das inter-relações sociais. Se um respeitável corredor de elite vivesse solitariamente no planeta não poderia ele Ter este sentimento, de sorte que isso seria algo que iria de certa forma ser uma arma a menos para que ele desenvolvesse uma posição psicológica positiva em relação às suas corridas, já que, a idéias de ser poderoso trás consigo grandes benefícios no que se refere à auto estima, e autoconfiança. Retiro as palavras já ditas que este é um verdadeiro sentimento, o poder é na verdade uma ideologia criada na mente humana, não é real, é apenas uma idéia, é fato que é uma idéia que existe na mente, porém só existe a partir do momento que é criada e só pode ser criada no caso da pessoa querer comparar-se com outras.
É providentemente necessário chegarmos à conclusão de que o corredor maratonista é uma pessoa mentalmente diferenciada de outras, que por graça poderíamos considerar como meros mortais, é até um sentimento egoísta, mas que feliz ou infelizmente ocorre nas mais diversas situações. É cabível a afirmação de que há duas coisas que estão sendo retratadas aqui:
a) Sensação de poder perante outras pessoas.
b) Autoconfiança / Vontade

A – Sensação de poder perante as outras pessoas.
Atenção à seguinte descrição e aos comentários adjacentes:
“Madrugada de uma Terça feira, acordei derrepente, são exatamente 4:00 da manhã, fato bastante surpreendente que me vêm ocorrendo a partir do momento em que comecei aumentar as metragens semanais de corrida, acordo de madrugada em uma súbita situação, me dá vontade de correr, faço contração com os músculos da perna, isso me traz um certo alívio, desço até a cozinha, pão com geléia e muita água para voltar a dormir como se nada houvera ocorrido.6:00 horas, e me desperto com uma facilidade muito grande, por momentos perco a vontade de viver, neste breve momento sinistro senão macabro perpassa por minha mente a idéia de que neste dia correrei como todos os dias uma distância estratosférica. Nunca havia me acontecido algo que trouxesse esta sombria sensação., mas parece ser um pensamento que somente me ocorre ao despertar, pois minutos depois estou alegre e pronto para mais um dia de luta”
O corpo humano se adapta às diferentes situações em que é colocado, o corredor é uma pessoa que coloca seu corpo em constante movimentação, os músculos ficam visivelmente mais fortes e resistentes, enquanto que uma série de outras mudanças não visíveis ocorrem na parte cardiovascular e na fisiologia em geral. Pois estando o corpo acostumado a tantos movimentos executados diariamente ocorre que à noite passa a ser um momento de anormalidade para o corpo, pois este fica parado e sente falta da movimentação, daí a sensação de acordar de madrugada e querer contrair os músculos da perna, e a sede é decorrente da falta de líquido corporal, mas há um fator que não foi comentado, que provavelmente passasse despercebido pelos leitores, não é que eu queira desmerecer os entusiásticos leitores deste livro, porém o fato é que trata-se de um assunto de grande diferenciação, que por suas características dificulta a percepção. As características mentais de um corredor deste porte são normais? Não gostei muito de utilizar o termo “normal”, e por isso julgo ser necessário mudar a questão, colocando-a da seguinte maneira: As características mentais dos corredores fundistas são iguais quando relacionadas à média da população? Ficando inteiramente pronta a questão é necessário o intento de responder... Estamos aqui falando de pessoas que executam uma atividade diária que requer grande quantidade de energia, tanto energia física adquirida através dos alimentos quanto energia mental adquirida através da constante auto sugestão. A auto sugestão é o combustível da mente, e faz com que o corredor esteja sempre com vontade de correr, ou seja é uma grande criadora de idéias positivas que trazem a auto estima. Agora seguintemente veremos uma relação de idéias que fazem parte da auto sugestão:
a) Eu sou poderoso em relação às outras pessoas.
b) Quase ninguém consegue fazer o que faço diariamente.
c) Sou bom no que faço.
d) Tenho noção de meu treinamento semanal.
e) Sei que não é fácil fazer o que faço, porém sou batalhador
No entanto ocorre que estas sugestões, sem a mínima intenção, podem vir a ser negativas. Quando falamos das características mentais do corredor fundista dizemos que estas não são iguais à média da população, pois ele deve ser uma pessoa constantemente auto sugestiva, uma pessoa que tenha uma força mental muito grande para a carga de trabalho que desempenha, do contrario irá definhar em seus intentos de correr. Estamos aqui falando certamente de auto estima. Não somente de vontade de correr, mas de vontade de viver. Veja bem leitor, que na descrição há interessante confissão de sentimentos negativos em relação à vida, tudo isso decorrente da carga de trabalho diária ser exagerada. Falamos aqui de uma pessoa de certo modo estressada. Há um momento em que a mente não suporta tamanha carga, e começa com isso a sugerir que não vale a pena viver. Estas sugestões são dadas de forma inconsciente, sendo assim não são controladas pela parte consciente do cérebro, e tratam-se de lapsos momentâneos, pois, como visto somente no despertar ocorriam estes pensamentos descritos como sinistros. Não alienando-nos da expansão deste assunto é lógico chegar à conclusão que a auto sugestão vêm da parte consciente, enquanto que as idéias negativas vêm do inconsciente, em decorrência da grande carga de trabalho. Necessário é apresentar estes pensamentos de forma mais simplificada: A carga de trabalho exagerada provoca uma necessidade de auto sugestão, se não haver auto estima não se suportará a carga de trabalho. Tudo é na verdade uma grande luta entre o consciente e o inconsciente, o primeiro apresenta suas idéias revolucionarias e positivas, o segundo de forma embaçada e inintendível traz consigo toda a tristeza possível.
Diremos que o inconsciente é de certa forma distorcido, pode até não ser, porquê sempre procuramos entende-lo através da razão, forma bastante errônea já que a razão está dentro da parte consciente. Deve haver o equilíbrio entre estas duas partes. É complicado ficarmos falando desta forma tão abstrata, na prática ocorre que a pessoa tornando-se estressada em decorrência da excessiva carga de trabalho passa à recorrer à sua auto estima, porém há um momento em que a auto sugestão começa a perder para as idéias negativas, e isso irá seguramente interferir no treinamento, seja diminuindo o êxito nos treinos ou seja parando com eles sem entender a profundidade do motivo de haver parado. Chegamos à brilhante, e simples conclusão de que a sensação de poder perante as outras pessoas, a que é dado o nome deste tópico trata-se de uma auto sugestão constante, que é relacionada aos valores de cunho social, e que como objetivos ajuda ao corredor manter-se corredor todos os dias, todas as semanas, todos os meses. É a busca consciente de auto estima.
É necessário que não ocorra o fator estresse, para que consequentemente não venham a falhas as auto sugestões, e para que assim transcorra devemos apelar para outros meios de energização física e mental, e estas são provenientes da boa alimentação, complementação nutricional, bom convívio social e outros fatores que não estão diretamente relacionados à corrida, mas que em muito influem no estado mental de um corredor.
Prosseguindo com as descrições aqui está a 2a deste tópico:
“É quase noite e assim sendo aproxima-se o horário de meu treinamento, isso me traz uma alegria compulsiva, chego em casa às 7:00 e sei perfeitamente que se sentar por dois minutos não conseguiria levantar-me mais, somente no outro dia, minha técnica consiste em tomar café comer pouca coisa e ir nadar, após a natação há a corrida, após muitos quilômetros chego em casa num horário relativamente tarde: 11:20 de espírito e corpo novos com uma sensação indescritível de prazer e satisfação.”
Esta descrição só vêm a confirmar algumas coisas que foram comentadas em relação à primeira, veja bem que o personagem da descrição diz que se sentar-se sabe que não irá conseguir levantar, isso aponta um cansaço extremo. Note também que o corredor precisa pela sua própria fadiga física e mental de estimulantes, como a cafeína, para que ajude no trabalho de quedar-se desperto e ativo. Isto está parecendo com um moribundo que chega em casa e ainda sabendo de sua fadiga quer se reerguer das profundezas do cansaço. Vemos que a mente precisa de um estimulo energético através das auto sugestões supracitadas, porém somente agora percebemos que além das auto sugestões que são estímulos provenientes da razão há também os estímulos químicos, estes conseguidos neste caso através da ingestão de cafeína. Há neste caso dois motores da mente, um de origem racional, e outro de origem química. Daí concluímos que há muitas drogas utilizadas por esportistas competitivos, e o motivo desta utilização dos ditos “doopings” é devida à necessidade do corpo e da mente necessitarem chegar aos seus limites, os limítes são quase impossíveis ou impossíveis de serem atingidos através de situações normais, por isso há a implementação de substâncias que aumentem o desempenho. Notamos grande contraste entre o momento em que este corredor acorda para o momento em que está correndo, ou para os momentos posteriores à corrida, isso mostra com veementemente que por mais que ocorra a luta do inconsciente com as auto sugestões a corrida é uma verdadeira fonte de auto estima, e neste momento fica incrustado a idéia de que somos vitoriosos em nossa atividade. O corredor é imbuído nestes momentos de grande renovação de sentimentos, idéias e força. Tanto na parte física quanto na mental ocorre uma verdadeira renovação. Nos momentos em que chega do serviço há uma fadiga incomensurável, porém após a corrida tudo parece estar diferente, os problemas parecem haver se tornado pequenos, e o bom humor se apodera da pessoa. Finalmente repetiremos as palavras extraídas da própria descrição: Sensação indescritível de prazer e satisfação.
3a descrição:
“Sentindo-me um verdadeiro super herói olho para as outras pessoas, que vão aos seus trabalhos, estudam, se divertem nas festas, e fazem todas as coisas que todas as pessoas fazem com grande facilidade, mas logo vejo que elas não fazem 2 ou 3 horas de atividade física intensa por dia, e logo comparo-me a estas pessoas, sempre que converso com elas estou pensando que neste dia ainda haverá uma corrida intermitente através da cidade. Louco? Todos os dias, utilizo-me de toda minha capacidade física, e às vezes chego a sentir desprezo por aqueles que nem se quer gostam de praticar exercícios. Minha mente é constantemente inundada das noções que querem me diferenciar dos outros.”
Enfim chegamos à sensação que o corredor têm de querer se comparar com os outros, algo bastante natural quando falamos de uma pessoa que está acima de todas as médias de movimentação corporal, pode chegar este a ser um sentimento negativo, que de certa forma atrapalhe no convívio social, há momentos em que é importante esquecer-se por completo da corrida e pensar e falar de outras coisas, justamente para contribuir no contexto de vida mental completa, que não fique estagnada à um só lado ou aspecto da vida. Funciona perfeitamente este sentimento para os corredores obcecados por correr bem, pois como já vimos trata-se de um estímulo mental, uma auto sugestão!

B – Autoconfiança / Vontade.
Vontade e autoconfiança são dois adjetivos essenciais para um atleta maratonista, e para o corredor em geral. Corredor de vontade é aquele que corre com devoção e bastante seriedade. Correr, olhar para frente sem se importar com quaisquer coisas ou pessoas que estejam ao redor. Quando se corre há pessoas que elogiam e outras que dizem infâmias aos corredores, o corredor que possui uma verdadeira autoconfiança é aquele que não responde aos às maledicências proferidas e sequer olha aos que elogiaram, pois está inteiramente concentrado no que faz que não importa-se com todo seu redor. São estes os fatores que fazem o atleta correr bem, assim é que ele terá vontade de correr, e não de ficar se vangloriando ou bajulando com pessoas que o elogiam, aliás, o atleta que quer ser bom no sentido de boa vontade e concentração deve fugir dos elogios e ser humilde, pois esta última é uma das características do autoconfiança, que não deve ser confundida com egocentrismo. É possível ser humilde e autoconfiante ao mesmo tempo, assim esta vontade torna-se plena e branda, mais harmoniosa que a vontade do egocêntrico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário