O correr e suas nuances" ( ou "A corrida e suas nuances" ) é uma obra criada e escrita por Pompeo M. Bonini: Projetada e idealizada para interagir ideologicamente e conceitualmente com todos os outros livros que escrevi. Nesta interação descobrimos os aspectos holísticos que são as novas nuances da vida... Basta clicar à esquerda nos capítulos ( hiperlinks ) descritos que você segue a tragetória que segui em épocas de treinos árduos ora com metas de competir, ora com metas de deleitar-me com o ato de correr e sentir a natureza. Em trilhas sinuosas pelas matas de lugares longíncuos ou perpassando o asfalto da cidade, seja fartlek ou longão correr é correr e quando passa a fazer parte de nosso estilo de vida provoca alterações em nosso modo de pensar e sentir a vida por alterar ou amplificar determinadas sensações e pensamentos que provêm de quê? Essa é a meta desta obra: buscar o cerne da verdade! Não deixe de fazer seus comentários ao final de cada capítulo, isto contrinuirá para nossas efusivas, enfáticas e complexas reflexões!

7.5.09

Cap. 10- A CIÊNCIA E A CULTURA

Cap. 10- A CIÊNCIA E A CULTURA
A sinceridade é consolidada na solidão.
A cultura se divide em muitas cascas, é uma cebola.

Com mais tranqüilidade que no capítulo anterior dissertemos sobre o quanto a corrida nos ajuda. Treinar é por si um ato cultural, é uma atividade criada pela própria sociedade, por causa do desenvolvimento da ciência descobrimos que as atividade físicas podem fazer bem ao organismo, este é o lado prático desenvolvido pelas ciências especificamente medicina. É fato que anteriormente, no início das civilizações o treinamento físico fora devido às guerras, como também ocorre hoje, porém expandiu-se para outras causas, de forma que não somente a guerra é pressuposto de treino e também saúde.
É a cultura o conhecimento que nos envolve, através de todos os tempos acumulamos toda esta carga de informações, sendo assim já nascemos inseridos em um berço cultural, que nos influencia de maneira estrondosa, o pensamento é por assim dizer influenciado pelas idéias dos antepassados, mesmo que relutemos contra é fato inevitável. Difícil seria querer fugir da cultura já que esta é impregnada em tudo e em todos. Numa praxe simplista diríamos que corremos por causa da cultura, poder-se-ia correr para sobreviver, neste caso correríamos por instinto e não por cultura, tal como fazíamos num tempo remoto, a cultura emerge do aprendizado, a partir do momento em que tivemos inteligência suficiente para reconhecer que correr era uma coisa boa para fugir do predadores criamos a cultura da corrida, assim não era mais a corrida um ato mera e simplesmente instintivo. Assim à posteriori surgiu a cultura da guerra, que insisto em dizer que persiste até hoje, nesta estavam tanto as estratégias de ataque como tipos de treinamentos: espada, arco e flecha, machado, escudo, lutas, cavalaria e por que não diríamos a corrida propriamente dita? Assim como um atleta de hoje um guerreiro da antigüidade deveria ser resistente para suportar toda e quaisquer intempéries que pudessem vir à tona. Assim a cultura se desenvolveu de tal forma que nesta sempre esteve impregnada a idéia de que de uma forma ou de outra a atividade física ajudaria, seja para fugir de um leão como para correr ao castelo de um inimigo. Com o advento da medicina foram feitas as novas descobertas, delas a de que a atividade física é beneficiosa ao organismo, assim começou-se o surto de “malhar”, ou praticar movimentos corporais com constância para que o corpo esteja saudável.
Nos três casos vemos que foram desenvolvidas culturas diferentes para a mesma atividade, o que é fato inospitamente interessante ao meu ver. Pode ocorrer porém de estar-se numa cultura que priva determinadas atividades, tanto pela falta de conhecimento ou descobertas como pela falta de necessidade. No primeiro caso vejo se tratar bastante dificultoso já que correr é por si só uma atividade bastante natural no ser humano, é portanto inato ao homem saber correr independente do ambiente ou cultura no qual nos vemos inseridos. Na Segunda consideração há plena conveniência já que não havendo necessidade de correr: Por quê se haveria de fazê-lo? Maior exemplo disto é que vivemos na “sociedade do controle remoto”, tão facilitadas as coisas que a maioria não vê necessidade em levantar-se de uma poltrona, sofá, banco, rede, cama, beliche ou o que quer que seja já que numa análise superficial não há quaisquer necessidade de correr, pois os leões que antes nos perseguiam hoje não se aproximam das cidades, e quando o fazem certamente morrem com tiros inescrupulosos e injustos. As guerras que antes haviam não mais são combatidas fisicamente como antes e sim com bombas dos mais variados teores, e até por aviões como vemos ultimamente. O fato é que ninguém sai do lugar, dando assim vazão à outros problemas: quando chove fica-se resfriado e logo deve-se tomar remédios, aliás vivemos num mundo em que os remédios são solução para tudo, do contrário a corrida serve para fortalecer o organismo e não permitir que este suposto resfriado, como muitas outras doenças, penetrasse em nosso organismo. Há portanto grande diferença em evitar que remediar. Nós mesmos criamos culturas que às vezes foge ao controle e provocando muitos outros males, males estes à vezes maiores que os anteriores, pois a cultura certamente é criada quando há a necessidade de evitar-se ou melhorar algo que não está ou não considera-se estar bem.

A - Divagares sobre: Arte / Cultura refinada / Humanização / Sonhos

O perigo está em mais apaixonar-se pela arte que pela razão, pois a primeira é mais contagiante que a outra. Entretanto consta que são amigas, engrenagens que quando separadas não permitem que funcione o relógio da vida.
O perigo está em mais entreter-se e emergir na arte, mas não consta como perigo quando alicerçado com a razão que lhe confere motivo de existência e guia-lhe o caminho.
Cultura refinada é a mais bela essência do homem enquanto ser humanizado, é a beleza do viver mais detalhado, intenso e belo. É o novo nível, a outra vida, a cultura que constrói pelo belo, no belo, com o belo. Com nuances que muito fogem à visão de um bruto.
A capacidade em emocionar-se, de viver a verdadeira essência, está dentro da expansão detalhística da cultura refinada. A essência se aproxima da retratação mais fiel do ser. Na música, na literatura, na pintura, na dança que são veículos de expressão do ser humano. Expressão do quê? Da realidade sentida e vivida. É a expressão tão fiel quanto a emoção propriamente dita? Talvez não, mas na cultura refinada pode mais se aproximar à uma realidade complexa e indecifrável que é a realidade do ser humano.
Não nos esqueçamos que expressar é transmitir, comunicar, contactar à outrem. A arte é portanto existente devido às relações e interações dos humanos, logo não existe arte propriamente verdadeira até que esta não seja interpretada por outro. A arte é o objeto que é “personificado” com o sentimento. Adquirindo um significado, uma idéia, uma filosofia, por mais abstrata que esta possa parecer.
A arte é extremamente detalhada, requer concentração, dedicação, repetição, criação ( criatividade ). Exigindo muito da inteligência e lógica, além de desenvolver sensibilidade, expressão e os sentimentos, mudando o modo de entender e interpretar a vida naquele que a “treina” ( pratica / vivencia )
O artista é portanto um interprete profundo dos sentimentos, amores, rancores, mágoas e alegrias humanos, e vive a vida de maneira mais profunda, adquirindo com isso uma personalidade mais forte, o cerne de sua personalidade é a percepção dos detalhes que se desloca do instrumento para a vida, pois as situações da vida são um instrumento com o qual devemos aprender a nos comunicar.
Pois então o artista se comunica com seu instrumento tal como o ser se comunica com a vida? Analogia cabível já que o interpretar é vivenciar um estado de espírito.
A sociedade regurgita regras que impedem o desenvolvimento do ser. O aprimoramento do homem ( humanização ) depende de uma série de detalhes, estes que são explicitamente barrados quando estamos submetidos à determinados parâmetros de vivência, ou mesmo num tom mais rude: privados da liberdade, esta “liberdade” não é a mera e simples tosca significação da palavra, mas sim o encontro com o próprio indivíduo, que anda perdido de si mesmo.
A alegria não pode provir do comprar ( comprar um produto ) mas sim do vivenciar sinceras situações.
A realidade que se vive é menos importante que a “ilusão” dos sonhos, pois a última é mais verdadeira do que acreditamos como verdade, é o psiquismo aflorado e não um mundo totalmente ilusório e diferente como todos pensam. Se estes pensam que são diferentes os sonhos, estão eles deslocados de suas próprias realidades.
Os sonhos são fatos distantes e próximos ao mesmo tempo, são o “eu” e o temeroso desconhecido ao mesmo tempo. Não sou eu desconhecido à min mesmo? Somos um nadador, no mar de nossos próprios “eus”, entretanto temos medo de mergulhar, ou então falta-nos oxigênio no cilindro.
Tudo é dissecável, ainda assim há os que preferem se ater às simplórias vivências, são os que nada se atém a percrustar as múltiplas facetas da vida.
O entendimento profundo dos mais diversos assuntos é porventura um nobre fato que à poucos é designado. O poema é demonstração mais bela que a razão pode chegar, é o momento crucial em que a razão se torna plena e entra em conduência com a abstração, provando definitivamente que razão e abstração são agras de um mesmo rio.

Coração e treino
O coração se adequa à vida
Da morte surge a vida
Se esvai a fétida morbidez
Áurea alegria se insere nos recônditos mais profundos de meu ser
Antes que chegue a morte com seu eterno dilema me atormentar
Viver com plena consciência, não distante e enterrado como assim diria Platão
Quero como uma pluma cair e ser levado pelo sabor dos ventos que à min aparecer
Ver o coração bater compassado, sublime e aquietado
Mas não morto e tão pesado quanto uma pedra atirada à um negro fosso
O treino traz à vida o bater do coração, compassado e regulado

É certo dizer que a corrida tal como é difundida hoje trata-se do resultado de um processo cultural, uma ideologia. Todos correm para a saúde, ou para ficar em forma, na sociedade da televisão, celular, niilismo e alienação. É toda uma tecnologia desnecessária para o conhecimento da essência do ser humano, a ciência desenvolve tecnologias que hipnotizam os humanos: aviões, “games”, máquinas das mais diversas. As estrelas do céu cansadas de tal injúria ao verdadeiro cerne fugiram. ( Fugiram ou estão por trás duma cortina de poluição? )
Os humanos são portanto presas de suas próprias invenções. A cultura guia seus preceitos e modos de pensar, pode tanto humanizar quanto desumanizar, depende da cultura.
No que confere à arte é precioso notar a supressão desta num mundo de facilidades, prazeres e satisfações, hoje em dia, no ocidente: O importante é ter e não ser. Onde diabos fomos parar? Será possível que a tecnologia tenha atrapalhado de alguma maneira o desenvolvimento moral da sociedade? A corrida ficou tão fria e destituída de valores quanto a própria sociedade. Há... ( Desalento do autor. ) Mas que crítica ferrenha... É fácil criticar? ( Não sei se reclamo ou critico, já que reclamar é cuspir blasfêmias das mais requintadas variedades e criticar é colocar um ponto de vista racional naquilo que é discorrido. )
Me pergunto então: Quais os valores morais da corrida? Os valores filosóficos, teóricos, sentimentais, metafísicos e racionais ajudam e proporcionam peças que constroem a moral e o caráter de uma pessoa. Para isto a arte é necessária, pois a arte traz uma profundidade à vida, nenhum qualquer outro recurso pode fazer isto com tal ímpeto.
A ciência é parte da nossa cultura, é evidente que sua contribuição é irrefutável, tal como a arte que também compõem a cultura. É de grande tristeza notar que a ascenção descomunal da ciência ( me refiro aqui aos aspectos tecnológicos desta ) enfeitiça as pessoas fazendo com que a arte seja esquecida, e toda a sua grandeza, hoje, no século XXI olhamos ( Me incluo no contexto meramente por questão de respeito e consideração ao leitor. ) um quadro abstrato e dizemos: - Há! Que engraçado, mas qualquer um poderia ter feito isso aí... É só jogar um balde de tinta na tela e fazer um ou dois rabiscos.
Pois é meus amigos, vivemos no mundo do “qualquer um”, o que representa a derrocada dos valores artísticos e da cultura, o que não se sabe é que aquela obra exemplificada abstrata ‘possivelmente muito mais profunda que outra de caráter realista: em sentimentos, expressão e idéias. Somente com muita sensibilidade nos detalhes, nas nuances pode-se notar o alcance e caráter de uma obra de arte.
Assim também funciona a corrida, tem a mesma profundidade ideológica e cultural que qualquer música clássica ou peça de teatro, o fato é que não mais conseguimos à isto enxergar já que fomos seduzidos pelos prazeres fáceis: Uma esteira cheia de botões luminosos, de todas as cores e gostos, escritas em idiomas atrativos e belos, com todos os tipos de cálculos: percentual de gordura, freqüência cardíaca, peso e altura. E todos os tipos de regulagens: Baixo, médio, alto.
Quê importa tudo isto à semente de nossas consciências? Nada! Há uma anciã de arte em nossas raízes, por mais que possamos fugir, tudo demonstra escassez de valores nas pessoas. Para min, correr só pela saúde não é correr! Há de haver algo a mais: O prazer de vivenciar uma realidade complexa, com odores diversos, luz, obscuridade, pedras, água, barro e plantas. Quero arranhar-me em plantas desconhecidas, cair e levantar, sujar-me de barro, olhar ao redor como tudo muda, cenários diversos, mistérios... De repente tudo fica escuro, sentir medo. Medo de quê? Das plantas? Que estranho: há tênue luz, uma luz opaca e débil. Emite a lua a luz?
Sim! Descobrir e vivenciar: Isto é correr! Correr vivenciar de corpo alma, e não se restringir ao corpo enquanto a mente se preocupa, aterrada, com um violentíssimo telejornal, muitas vezes sensacionalista. A concepção que se têm da corrida mediante nossa cultura de facilidades é distorcida.
Os caminhos árduos, são preenchidos de valores morais e ideológicos mais intensos que os fáceis, correndo daquele jeito intenso aprendo a respeitar o corpo, assimilo um estranho silêncio que há em tudo que me cerca, uma distância de tudo. Pouco a pouco vamos assimilando estes valores nos preenchendo, também quando corremos em equipe, aí então se inserem os valores sociais. Não obstante é importante ressaltar aqui que defendemos de igual maneira a solidão, e a importância desta para a formação completa do indivíduo.
Quando sozinhos pensamos de outra maneira que quando acompanhados de outras pessoas? Atuamos diferente? O grande perigo de estar sozinho é encontrar consigo mesmo. Por isto as pessoas têm pavor de estar sozinhas. Alia-se à isto o fato de que companhia é considerado status, aquele que está só é por certo considerado desarrazoado e inferior.
Somente os maratonistas conseguem compreender a importância de estar só, descobrem que nunca estarão só, pois enquanto correm conversam consigo mesmo, com suas essências. Neste momento é impossível querer enganar a si mesmos, a sinceridade é consolidada na solidão.
O fato é que quando acompanhados não pensamos no que somos, mas na imagem que estamos transmitindo aos outros, isto é anti natural, aí que a cultura influencia no modo de correr e de viver. É quase luminescente dizer que a corrida é um encontro com você mesmo, um momento de vácuo, vazio, silêncio e ao mesmo tempo um momento áureo e esclarescedor. São somente nestes momentos que conseguimos organizar e concatenar idéias que até então estavam distantes de nós. O subconsciente se aflora na solidão.
Debater sobre cultura é em suma assunto para muitos anos de estudo, é bastante evidente que deveremos ponderar sobre este tema de maneira suscinta. O homem, enquanto ser humano, esta alicerçado nos parâmetros culturais, estes, por sua vez, foram através dos séculos mudando num processo de tentativa e erro, numa cadência de aprendizagens e ganhos de experiência. O indivíduo que não se aproveita de toda a cultura não é completo. Lutamos com todas as forças possíveis para chegar no estágio em que agora estamos, não conhecer nada disso é ser indiferente à realidade do mundo, por isto é de supra importância o estudo da história, ainda neste livro, no capítulo 33 - Grécia e Maratona, confabulamos algo sobre os primórdios da história da maratona ( Não deixe de consultar ). Assim, a história é parte da cultura, aliás é uma ferramenta para que possamos estudar as culturas de todas as épocas, para chegar a saber qual o motivo de nossa cultura ser assim como é. Neste ambiente se insere o estudo e conhecimento dos estilos aquitetônicos, as guerras, a literatura, a música, a filosofia juntamente com os grandes pensadores. Cada assunto destes têm dentro de si um processo histórico específico, neste processo histórico encontraremos vários estilos. Vários estilos de tudo: de música, de armas, de construções, de linguagens, de alimentos, roupas, pinturas, encenações e uma infindável gama de áreas.
A cultura pode então traduzir-se como estilos? Talvez possa ser esta uma das designações que possamos dar à ela. Há por certo supra importância em entender os processos de seu desenvolvimento, estaremos com isto melhor inseridos na sociedade. Mas quê há de novidade nisto? Isto qualquer um pode concluir concatenando as idéias com zelo. Bem... Como aqui neste compêndio não estamos tratando de qualquer um explicar-me-ei com maior nitidez: Há por certo o fato de que sabemos que algo é importante mas não o respeitamos, sabe-se que há inevitável importância no estudo da história da cultura e dos estilos em uma infindável gama de áreas, entretanto pudicamente muitas vezes nos deixamos envolver por coisas supérfluas senão até mesquinhas com o simples subterfúgio do deleite, prazer e satisfação em curto prazo, a maior satisfação no entanto provém daquilo que é requisitado labor e dispêndio de grande esforço, os resultados serão satisfatórios e perdurarão por um longo prazo senão para sempre. ( Com grande comedimento me vejo forçado a pedir desculpas ao leitor despreparado e inteligentemente sábio pelo que será proferido ) Quê é mais eletrizante: Ver bundas na televisão revoluteando para um lado e para outro ao som de músicas hilariantes, mesmo que seja em segundo plano ou ler uma sinopse a respeito de filosofia ou literatura? Talvez o eletrizante não seja o mais adequado ao engrandecimento da alma, mente e sapiência. É infelizmente esta a cultura proporcionada à maior parte da população, se é que isto pode ser chamado de cultura, já que muitos se aproveitam dos instintos humanos para ganhar a melhor.
Levamo-nos a crer que a cultura se divide em muitas cascas, é uma cebola que quanto mais para dentro se vai menos fica, mas é aí que chegamos no cerne, o cerne é a cultura mais requintada, ironicamente esta é a menor parte da cebola, notamos com clareza que a melhor parte da cultura é menos difundida, aprendida e assimilada enquanto que a escória das inundices instintivas são as armas mais mortais de venda de qualquer produto ou idéia. Falo de maneira mordaz por ser realista: Quantas vezes não vimos uma propaganda de bebida com mulheres estonteantes? Por uma questão de educação me vejo obrigado a não citar qualquer letra de música, que de maneira sobrenatural conseguem entorpecer a inteligência de qualquer um, digo qualquer um justamente porque a pesar de não ser um acontecimento benigno ao espórito são atrativos aos instintos mundanos, incitando nossas respostas mais simples de alegria extremista, sexualidade e satisfação. Há belezas muito mais profundas na cultura, conforme já citado, que estas satisfações momentâneas, são aquelas que se fundamentam nas belezas mais detalhadas e nos sentimentos mais profundos do ser humano: sejam estes medo, alegria, seriedade, amor, esperança e paz. Não obstante são estes tão profundos que se adentram na alma como uma torrente de energia, sente-se o que o artista ( por exemplo ) quer transmitir como se este estivesse lá presente com a mesma expressão facial do que quis extenuar, mesmo que este tenha morrido à décadas ou centenas de anos.
Nossa sociedade este contundentemente esfaimada de cultura, e há ainda o fato de que é ludibriada e encantada pelos impropérios supérfluos do instinto e do prazer. Assim é a cultura tanto uma máquina debilóide e idiotizante como uma magnífica variedade de estilos e detalhes de todas as áreas do conhecimento humano.
Acaso não podemos os corredores nos aproveitarmos disto para correr melhor? Quê é a maratona? Por quê ela existe? Quais são as belezas artísticas nela inserida? Os medos, as alegrias, a paz, o silêncio estão nela? Afinal, ela faz parte da cultura de nossos e de outros tempos... Entender como surgiu, quais são seus detalhes, sua história, seus campeões e a filosofia do corredor ( por certo na maior parte o assunto de nossas discussões ) é uma viagem de grande valia àquele que se importa com a vivência total daquilo que faz.
Correr de corpo e alma por assim dizer, e conhecendo toda a amplitude do que se está fazendo, imerso numa gama de detalhes tão viva quanto a vida, isto é o que nos proporciona a cultura, que de maneira eficaz, aliada à ciência nos traz a maior plenitude possível nesta atividade. O equilíbrio total provém do valor moral, artístico e filosófico aliado às informações científicas, o desequilíbrio vêm quando damos exagerado valor à um e esquecemos o outro. Alimentação, tipos de treino em corrida, perder determinada porcentagem de gordura, VO2 máximo, FC de repouso, FC basal, trabalho anaeróbio e seja mais lá o que for são valores científicos que devem se aliar emergencialmente à filosofia, moral e às justificativas mais imersas nos recônditos do sentido verdadeiro e belo da corrida.

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