O correr e suas nuances" ( ou "A corrida e suas nuances" ) é uma obra criada e escrita por Pompeo M. Bonini: Projetada e idealizada para interagir ideologicamente e conceitualmente com todos os outros livros que escrevi. Nesta interação descobrimos os aspectos holísticos que são as novas nuances da vida... Basta clicar à esquerda nos capítulos ( hiperlinks ) descritos que você segue a tragetória que segui em épocas de treinos árduos ora com metas de competir, ora com metas de deleitar-me com o ato de correr e sentir a natureza. Em trilhas sinuosas pelas matas de lugares longíncuos ou perpassando o asfalto da cidade, seja fartlek ou longão correr é correr e quando passa a fazer parte de nosso estilo de vida provoca alterações em nosso modo de pensar e sentir a vida por alterar ou amplificar determinadas sensações e pensamentos que provêm de quê? Essa é a meta desta obra: buscar o cerne da verdade! Não deixe de fazer seus comentários ao final de cada capítulo, isto contrinuirá para nossas efusivas, enfáticas e complexas reflexões!

15.3.09

CAP. 26 – A RELIGIOSIDADE

CAP. 26 – A RELIGIOSIDADE
Assim, o significado de um movimento é o próprio movimento e nada mais, a realidade do homem é o corpo que se movimenta e nada mais.
O ser humano é então, diante de Deus o mesmo que o cachorro ou o macaco diante do homem.

Caros leitores: nossos pensamentos e dissertações foram bastante plausíveis, e me disponho todavia a seguir nesta jornada com vossa permissões, do contrário poderíeis deixar este livro de lado.
É bastante sério os estudos que aqui encontram-se, não quero que pareçam ser pensamentos apenas transcritos em folhas de papel, mas sim algo que seja vivo, não há embasamento de autores conhecidos ou mesmo de grandes nomes da filosofia ou ciência. Não se esvai com isso o caráter de seriedade destas páginas que aqui estão. Conhecimento é tudo aquilo que é adquirido através da razão, sob o crivo dos questionamentos e das respostas lógicas e coerentes.
Neste capítulo discutiremos algo sobre a espiritualidade dos atletas. Assunto bastante interessante já que abrange um largo campo.
No decorrer da história da humanidade surgiram muitas religiões, todas elas buscam algo a mais, que extrapole o senso comum. Cada qual possui características peculiares, mas admitem que haja um poder superior que ajude o homem, e em muitas também existe a crença nos demônios e criaturas malévolas.
Será isto verdade? É de grande graciosidade notarmos como o ser humano interessa-se por tudo o que seja desconhecido, muitas pessoas sentem-se atraídas por filmes de magia e histórias fantasiosas, vejam vocês mesmos que decidi colocar os contos nestes livros por saber que muitos interessam-se pelo extraordinário. É através destes mistérios que nos deparamos com algo que não é possível explicar, nestes contos e histórias além de serem inexplicáveis as ocorrências são também falsas de certo modo, por haverem sido criadas pela imaginação, porém o mundo real não é composto pela imaginação, e diversas coisas ainda não podem ser explicadas pelas concepções científicas de nossos tempos. No capítulo 7, Os sonhos tão almejados algo abordei sobre premonição, já que tendo um sonho de certa forma antecedente à um acontecimento fiquei extasiado. Qual é a importância de tentarmos explicar o que numa primeira instância seria inexplicável? Ocorreria que se entendêssemos o que não sabemos que é possível existir aumentaríamos nossas capacidades de modo a fazer um atleta de elite ou do último pelotão se sentir mais completo e portanto ajudá-lo a correr senão a viver, pois insisto na clara idéia de que uma coisa leva a outra. Os sonhos certamente estão entre os assuntos de grande mistério para o ser humano. Porém outros fatos também são de grande relevância no que se diz respeito ao oculto.
Muitas equipes de futebol e de basquete, antes e após os jogos fazem uma prece em conjunto. Há uma função concreta nesta prece? Não é devido dizer que isto dependerá da crença de cada um já que independente das crenças a realidade somente pode ser uma. Se realmente existe algo após a morte por exemplo, eu irei ao céu, acreditando ou não, pois as leis somente podem ser uma verdade, do contrário ocorreria aquilo em que se acreditasse e a realidade estaria distorcida como em sonhos ou ilusões.
No caso de que o mundo espiritual seja uma realidade há uma grande função nas preces propriamente ditas, já que estas criariam energias positivas que ajudassem aos atletas. Uma questão bastante maleável à discussão já que não sabemos quem é Deus, tampouco qual é sua vontade. Todas as religiões, segundo o meu modo de ver, são criações culturais da humanidade. Isso mostra como seriam falsas, o que sempre existiu na verdade é o apego ao medo, pois o medo provém das coisas desconhecidas, e estas sempre existiram. Quê é o medo senão um sentimento do ser humano? O medo faz parte do homem como faz parte a alegria e a tristeza, sabemos então que a religião é uma conseqüência da própria essência humana, e não demonstra o mundo real, já que o mundo real não é resultado do medo e sim um mundo visto pelos sentidos.
Para esclarecer devo dizer que os sentimentos não retratam a verdade e sim os sentidos, a religião é criação cultural criada pelos sentimentos e não pelos sentidos tato, visão, olfato e audição. A única coisa que pode nos transmitir o mundo real são os sentidos, neste modo de ver as religiões são falsas do ponto de vista real e verdadeiras quando devem exprimir sentimentalidades.
Estas elucubrações são bastante severas, idéias que vão contra à toda uma criação humana, já que tudo isto se incrustou como uma pesada pedra na humanidade, tanto que parece ser natural acreditar em algo que seja superior. A ciência entretanto é resultado de um sistema baseado na razão e questionamentos, esta sim retrata a realidade com grande precisão e desmascara a religião. Tratam-se de seres invisíveis, e que não se sabe onde estão, pois difícil seria acreditar numa coisa destas. Não faz muito sentido ser religioso, em sua maioria as pessoas o são, talvez seja por causa da moral empregada, que ressalta o amor e a paz, e sendo isto uma coisa positiva à humanidade todos aderem aos pensamentos.
Uma corrida competitiva é ao mesmo tempo uma confraternização e uma máquina de ódios e rancores, sentimentos totalmente contraditórios que coexistem numa mesma empresa. Quê diria disto Deus? Sabemos que a raiva o ódio e o rancor podem ser transformados numa corrida através dos processos mentais na mais pura resistência física e resignação mental, seria o amor capaz de causar tamanha força? Creio que não, já que é um sentimento mais relacionado à tranqüilidade. Vejam porém que esta fúria competitiva está relacionada ao amor próprio, seria isto amor ou egocentrismo exacerbado? Creio com veemência que a Segunda alternativa seria mais condizente com a verdade.
Eis que nos deparamos com um grande contra-senso já que o amor de Deus não é a favor da vitória do corredor, pois este depende de sua fúria perante os adversários para vencer. Há muitas vezes uma explosão sentimental, atletas que finalizam uma maratona chorando de emoção, este choro estaria imerso num contexto de superação, dos limítes físicos e mentais. Muitos religiosos fazem caminhadas de muitos dias, e por min serão comparados aos maratonistas, são muitos os caminhos que levam à lugares exóticos e sagrados. Para pagar penitências também fazem diversas outras coisas, tais como subir escadas de joelhos ou rezar durante muitos dias seguidos em jejum. Por uma pessoa leiga em se falando de religião, são feitos característicos de uma pessoa insana e louca, porém existem os devidos motivos que os levam a fazer determinados atos. Outros ainda se auto-flagelam pela e por suas respectivas religiões.
As penitências religiosas podem muito bem ser comparadas à corridas de longa distância, já que requerem, tanto umas quanto as outras, grande esforço físico e mental. No caso em que exista um Deus ou uma Força Maior oculta, haveriam nos dois casos criações energéticas muito fortes que provocariam a expansão dos sentimentos influindo no estado mental. Do contrário os religiosos podem ser considerados como uma grande horda de fanáticos iludidos, e os maratonistas continuariam sendo maratonistas. Não acusando injustamente os religiosos direi aqui que a maratona é também uma criação cultural, que no início foi criada pelas idéias religiosas e sentimentais da época na Grécia, a grande diferença encontra-se no fato de que com o progresso científico descobriram que correr é benévolo ao organismo biológico, o que traz mais um sentido para a corrida, transformando-a numa realidade que faz sentido racional, ao contrário da religião que, tendo sido criada pela cultura não possui provas plausíveis de sua realidade.
Porém o mistério sempre cercou a humanidade com seus curiosos laços, e nos sentimos atraídos por ele de maneira mágica, muitas vezes cega, já que não necessitamos utilizar a razão para explicar a religião, deste modo vemos como os sentimentos são mais fortes do que os pensamentos racionais. Isso é visto de maneira bastante clara quando utilizamos o clássico exemplo do maratonista que não soube controlar seus impulsos sentimentais da maneira correta, e por isso, passou a correr desenfreadamente numa vertiginosa carreira. Com isto após tantos quilômetros “quebrou”, ou seja diminuiu o ritmo drasticamente. Neste caso, bastante típico, os sentimentos dominaram a razão, esta controla a parte técnica e estratégica da corrida, os sentimentos devem ser controlados, mas não podem por serem mais fortes que a outra. Dividiremos nossos estudos portanto em algumas partes:
A) Sentimentos e religião.
B) Razão.

A – Sentimentos e religião.
Aqui está incluída a religião do corredor. Fazemos uma ligação de sentimentos com religião. Os dois estão ligados à parte sentimental do ser humano. Como já visto os sentimentos são mais fortes que a razão. Num determinado podem ajudar ao maratonista correr mais rápido e conseguir se superar, mas podem ao mesmo tempo ser grande causa de desastres tais como exageros ou mesmo perca de ritmo. Os sentimentos podem ser desde a fúria de ser ultrapassado por um determinado corredor, como também a grande tristeza de ser passado pelo mesmo. Assim, vemos que para situações iguais podem ocorrer sentimentos divergentes, depende isto da educação mental que o atleta teve para quando fosse submetido aos diversos tipos de ocorrências que podem haver numa corrida.
O grande segredo é saber quando exatamente devemos ativar nossos sentimentos, e quais sentimentos devemos Ter, pois eles podem nos ajudar na corrida. Muitos dirão que não é possível controlar os sentimentos através da razão já que eles são mais poderosos do que ela, mas esta é a grande questão a que acabamos de chegar: Qual é o inter-relacionamento entre os sentimentos e a razão? Voltando ao aspecto religioso, considerando-os como expansões dos sentimentos humanos, notaríamos que há a possibilidade de a razão controlar a emoção, já que uma criação cultural traz sentimentos. Veja que a religião é uma criação cultural, e tudo aquilo que é cultural não pode ser propriamente dito sentimental, pois o sentimento é nato no ser humano e não numa folha de papel ou numa pronunciação qualquer, mesmo que esta seja uma oração. Pois no momento em que ocorre uma oração em grupo haveria uma expansão sentimental, que fora provocada não por um suposto Deus mas sim por uma reunião que trouxe através de aspectos racionais um nível de sentimentos elevados. Esta teoria nos faz chegar ao pensamento de que a razão pode ser fonte de sentimentos, e por assim dizer os sentimentos podem ser controlados pela razão. É claro que dependendo do nível de sentimentos estes, em alguns casos não podem ser controlados por pensamentos racionais, um descontrole destes pode provocar uma glamouriosa vitória como uma desastrosa derrota. Fato verídico é que aquele corredor que não sabe utilizar seus sentimentos sempre será um bom corredor, mas nunca irá extrapolar aquilo que ele mesmo considera como sendo seus limítes. Vemos que os sentimentos possuem três facetas:
1 – Quando bem administrados.
2 – Quando foge ao controle.
3 – Quando não utilizados.
No que se refere à religião vimos que esta pode ser a fonte dos sentimentos mais positivos para uma competição, porém fugimos ao aspecto propriamente misterioso que ela proporciona à nossos estudos. É muito claro que nestas folhas não é possível nos aprofundarmos nos aspectos mais profundo deste tão interessante assunto, não quero também me gabar de meus poucos conhecimentos sobre religião, mas vejam vocês leitores que isto não trata-se de uma transmissão de conhecimentos, mas sim de uma conjunta dissertação e de um constante questionamento, o que diríamos tratar-se de filosofia ou busca do conhecimento.
A religião, como dito, é um tema bastante complexo, e à isto se prostram os teólogos. Em nossa maneira humilde algo produziremos à este respeito. Creio eu que um grande problema encontrado seja a distância temporal dos fatos ocorridos inerentes ao surgimento das religiões em geral. É interessante vermos que a religião é sujeita às condições gerais da época em que surgiu. O Cristianismo por exemplo, surgiu através dos pensamentos de um grande sábio, o qual é chamado de Jesus Cristo. Este sábio tinha grandes desavenças com o sistema político e religioso de sua época, este foi o motivo que o levou a ganhar tanta notoriedade entre as pessoas de sua época, sendo este sucesso postergado às precedentes gerações. Pode um ser humano ser tão lembrado pela humanidade quanto ele? Qual seria o verdadeiro motivo de haver tanta importância em seu nome? É a igreja uma empresa política? Talvez esteja sendo grosseiro, mas sim realista, pois naquela época os que possuíam maior poder político eram os religiosos, portanto a religião era o que chamaríamos hoje de empresa, assim é de grande naturalidade pensarmos que ela se impusesse por toda parte, e produzisse uma estrondosa propagação a ponto de colocar o nome de Jesus entre o maior do mundo, tais como suas histórias e lendas. Igualmente como hoje as empresas multinacionais enfiam seus produtos e idéias na cabeça dos consumidores de forma que estes nem saibam que estão sendo influenciados por uma grande gama de idéias, estas que escondem-se por trás de um tapete. Deste modo Jesus não teria sido um ser tão extraordinário como se diz na Bíblia Sagrada.
É inevitável que surja uma aspecto espiritual no ser humano, pois decorrente este dos medos e sentimentos, sendo os medos eternos sempre haverão crendices. No espiritismo, que se diz como ciência, há a crença de que nós seres humanos podemos entrar em contato com os mortos. Isto seria realmente sensacional, segundo meu ponto de vista, pois poderíamos saber do que é constituída esta outra realidade. A ciência do espiritismo estuda fatos estranhos, tais como barulhos e ruídos estranhos, objetos que se mexem sozinhos e pessoas possessas. Interessante seria descobrir de que forma estes espíritos que vagam pela terra influenciam em nossa vidas. Seria esta descoberta exacerbadamente mais importante que discutir sobre corrida? Não, pois já que uma está intrinsecamente relacionada com a outra, saberíamos na real qual a importância verdadeira da prece, e dos atos relacionados à religião e ao mundo oculto, mágico e misterioso que se encontra diante de nossas pessoas sem nos darmos conta. É portanto assunto de suma importância a religião no que se refere à vida, e em particular à corrida.

B – Razão.
Esta é de grande importância, por determinar tudo aquilo que é inerente ao treinamento. Ritmo que deve ser impresso, movimentos técnicos, e até expressões faciais para ludibriar os adversários. Desta já foi citado que têm a capacidade de controlar os sentimentos, porém estes quando exagerados fazem com que a razão fique privada de suas capacidades, é de grande tristeza ou de maravilhosa alegria quando isto ocorre, pois como venho constantemente dizendo pode decorrer uma esplendorosa vitória ou derrota catastrófica desta perda de controle.
É bastante aconselhável utilizar o crivo da razão com todos os treinamentos, não se deixando influenciar por sentimentos desmesurados, principalmente nos treinamentos de ritmo, os treinos longos, creio eu, são bastante propensos à uma influência de sentimentos já que requisitam uma grande dose de resignação e vontade. Vemos que os treinamentos de tiros ou intervalados necessitam de bastante precisão, para isto sentimentos não funcionam, deve-se ser uma pessoa “fria”, no contexto de não se produzirem sentimentos, por maiores que sejam as dificuldades, e se acaso sejam produzidos estes sentimentos eles devem sempre dentro do possível ser controlados para não se expandirem. A razão é portanto mais amiga da perfeição que os sentimentos, é através dela que iremos criar nossa estratégia de corrida, na corrida certamente poderemos utilizar nossa religiosidade e os sentimentalismos aflorar-se-ão, mas não nos treinos, vejam como faz sentido isto de que estou falando: se o corredor se entusiasmar com seu treino a ponto de querer mudar seu ritmo para mais rápido poderá Ter grande desventura ao notar que não terá a capacidade de finalizar suas séries de tiros de 400 mts. por exemplo. Então por força da ignorante insistência diz-se: - Não, eu tenho perfeitas condições de finalizar os treinos num ritmo superior ao que me foi proposto, e mesmo que esteja sendo influenciado por sentimentos animalescos sei que o faço com perfeição! O que ocorre nestes casos, amigos meus, é que o corredor não possui uma visão mais ampla de seu treino, fica atido tão somente a cada dia, não se dando conta de que está sobrecarregando o organismo, talvez a mente não esteja sendo forçada e sobrecarregada, mas o organismo quanto à sua parte física certamente não suportará a longo prazo este desgaste.
São muito interessantes estas colocações, já que fazem com que saibamos dividir as fazes de treinamento naquelas em que devemos expandir nossos sentimentos daquelas que não se deve Ter quaisquer tipos de sentimentalismos. Também notamos que a visão de treinos deve ser de longo prazo, o que é uma coisa muito difícil de controlar. Não se deve sobrecarregar o corpo com as corridas influenciadas por uma exagerada gama de sentimentos positivos. O mesmo ocorre do contrário, pois o corredor pode se encontrar triste por qualquer motivo em um determinado dia, esta tristeza poderá influir sua corrida se ele não tiver a capacidade de separar seu treinamento de sua vida particular. É possível fazer esta separação? Dependendo das proporções do problema que faz com que o atleta esteja triste sim, mas há casos em que a tristeza não consegue se dissolver com o treino. Nestes casos à vezes é melhor não treinar, e sim tentar dentro do possível buscar uma solução ao problema. Se não há solução é melhor correr que não fazer nada. A melancolia provinda de assuntos pequenos é facilmente resolvida com um treino, há porém sentimentos negativos mais fortes que uma simples indisposição mental, estes como dito devem ser trabalhados dentro do possível.
Estamos no centro de uma grande luta, pois os sentimentos impossibilitam que a razão funcione em sua devida ordem, enquanto a razão impossibilita a expansão dos sentimentos, assim é, por isso não é fácil treinar, sendo esta uma dificuldade que se encontra para treinar-se para a tão medonha e apreciada maratona.
Que todos os corredores consigam encontrar o equilíbrio entre uma e outra, juntamente com sua religiosidade encontrar-se no mundo e situar-se na corrida.
É por certo uma infindável busca pelo desconhecido que faz com que o homem sobreviva. Ao mesmo tempo que busca desconhece, e por isto se há de inventar uma explicação à tudo aquilo que supostamente não se consegue explicar mas que algumas vezes sente-se o efeito. Muito se fala de espíritos e coisas do tipo Omo casas mal assombradas, porém não é capaz o ser humano de criar mentalmente visões? Alucinações? Há quem diga até que há a possibilidade de haver o que se diz alucinação em massa. Não seria coincidência? Ou neste caso já caímos na teoria que valoriza o inconsciente coletivo? Há muitas perguntas a serem feitas neste campo, todas por certo bastante intrigantes, pois nos instigam de tal maneira a tentar descobrir quais são realmente as capacidades humanas, e se desenvolvendo estas podemos evoluir, não tão somente na corrida como em uma série de outros aspectos. Julgo que se considerarmos a capacidade de criação de alucinações ou mesmo imagens poderíamos desacreditar em espíritos ou aparições já que estes pudessem ser decorrentes de nossas próprias imaginações e vontades alimentadas por uma vontade fora de comum muitas vezes chamada de fé, entretanto é caso digno de comentário comentar algo relativo, neste mesmo capítulo, aos poderes paranormais dos humanos. Falar um idioma desconhecido é uma destas características, dar informações que somente um ou outros sabem, ou mesmo dizer o que ocorre do outro lado da cidade num mesmo momento são algumas das características que se conferem aos paranormais, dentre tantas outras, muitas vezes bastante estratosféricas. É interessante notar que há estudos sobre este mesmo assunto posicionados sob um prisma de caráter científico, e que não se restringe apenas à fábulas ou contos fantástico, por este mesmo motivo julgo ser digno de apreciação este assunto, que nos leva a pensar sobre o futuro da humanidade, e se algum dia iremos substituir a tecnologia pela corporeidade, nos comunicando por pensamento ao invés de telefone, levitando ao revés de andar de carro ou moto. Este último nos leva a citar ou imaginar que o homem no futuro não mais andará, mas sim levitará, deixando de lado o movimento corporal, não em si o movimento corporal, pois o corpo estando se deslocando no espaço está se movimentando, somente não se movimenta no caso da levitação quando comparado a si mesmo, por isto podemos dizer que não há contração muscular. Porém o que leva à levitação? De onde provém o dispêndio de energia para que tal ocorra? No músculo temos como combustível o ATP-CP, glicogênio,gordura ou a própria proteína que pode ser utilizada como última demanda, mas e nestes fenômenos mentais paranormais? Qual é a fonte primária de energia para que se ocorra um evento de tal natureza? Pudera ser a glicose que entra no cérebro a fonte de energia, mas se é isso, Quanto de glicose é necessária para uma levitação, ou telecinese ( mover objetos com a força da mente ). Me pergunto se é real a existência da interface entre o físico e o mental que se designa “plasma”, uma espécie de energia que têm a capacidade de interferir no físico através do mental, como se fosse este um meio termo. Supondo que haja mesmo tal substância como um elo de ligação, de quê maneira especificadamente age?
Me proponho a questionar sobre qual o nível de influência têm o plasma, esta energia intermediária, para com a corrida. Ou mesmo sobre o que ocorre com ele durante uma corrida, partindo do princípio de que todos temos esta energia, e que podemos dissipa-la em diferentes intensidades de acordo com a capacidade pessoal de cada indivíduo, se tivéssemos capacidades iguais de dispêndio desta energia não haveriam por certo os paranormais, ou então todos seriam paranormais por assim dizer. Uma das perguntas que acho intrigante estar colocando para que vocês leitores reflitam de alguma maneira é a seguinte: Como pode a corrida interferir de tamanha maneira no bem estar do praticante? O que se considera por bem estar? Um estado mental de despreocupação e relaxamento? Bem estar pode estar conceituado como a capacidade de não se deixar interferir por influencias negativas oriundas de quaisquer paradas, sejam motivos sociais, afetivos extrínsecos ou intrínsecos. Isto é o que considero como bem estar, porém não é estar fechado ao mundo, mas sim não se deixar influenciar pelo negativismo, estar disposto para as coisas boas, não deixando porém de estar consciente da realidade que o cerca.
Fora dito que a corrida provoca bem estar, e num supremo intento, provocado por nossas discussões defini minha opinião sobre o que julgo ser bem estar, não sei se o senhor ou a senhora leitor (-a) compartilham da mesma idéia que o escritor, do contrário há liberdade total em criarem suas próprias divagações à respeito do assunto. Um estado mental receptivo ao bem; de forma mais resumida e/ou compacta está dito e proscrito. O incrível é que este estado de estar não é restrito somente ao momento da corrida senão que perdura pelo dia inteiro até o cair da noite. É crucial perceber que não se trata simplesmente de bem estar físico, mas emocional, pois da mesma forma que o corredor têm um controle sobre seu corpo ele passa a ter controle sobre suas emoções, tudo isto graças às mudanças ocorridas em seu plasma. Quê tipos de mudanças são estes? Há produção ou dispêndio de plasma durante a atividade física de longa duração? Segundo à lógica concluiríamos que ocorre durante uma produção de plasma, para que este ficando de alguma forma mais ativo possa influencias de maneira mais acentuada nos estados mentais, para depois ser gasto. É possível gastar o plasma ou ele é somente um veículo de transmissão? Neste último caso o que haveria durante a corrida não seria a produção senão a organização do plasma para que fluísse o bem estar posteriormente. Como uma linha de telefone que tivesse de ser remendada para que este funcionasse devidamente.
Incitei, de maneira bastante peculiar um tema relacionado à poderes psíquicos do homem, não obstante a religião abarca um conglomerado tão vasto quanto a quantidade de grãos numa grande plantação de trigo.
A religião, durante a Idade Média adquiriu caráter de grande importância, sendo a base de um modo de pensar e viver. Hoje em dia a sociedade em geral não vive uma fé tão intensa como nos idos de 400 D.C. e 1.400 D.C., o advento da ciência trouxe por certo um poderio maior que o de Deus transformando o crédito que a humanidade depositou na religiosidade em mera obrigação. Isto é uma breve comparação de uma época passada com nosso presente, que nos dá parcas noções de como a crença muda de aspectos no decorrer do desenvolvimento do mundo. Mas que raios de desenvolvimento é este? Acaso seria o tecnológico? Médico? Social? Ideológico? Num panorama geral podemos dizer que ( ainda que este compêndio seja produzido através de especulações e sugestões ) a grande responsável é a tecnologia. Pois hoje recorremos à prece na última das instâncias, sempre quando não há mais nenhuma solução para o pior dos problemas. É ainda interessante notar que a prece é utilizada sempre para melhorar problemas e nunca para agradecer soluções conquistadas ou para cantar louvores e osanas, isto é mais que sinal de uma degradação de uma suposta concepção filosófica de Deus e da realidade submetida ao mundo espiritual.
A concepção de um ou muitos Deuses no mundo sempre fora adotada pelo homem. Será uma conseqüência inconsciente da incapacidade que os humanos possuem diante de muitos problemas? Sendo ou não sendo esta protuberância psíquica a “Religião” é uma estruturação de diversos estudos que o homem fez através dos tempos, que por certo têm em seu conteúdo abrangente matérias relacionadas com a metafísica da realidade Divina, humana e inanimada como também direcionamentos de conduta moral diante da sociedade, variando de modo de acordo com cada religião. A religião no entanto não é dotada apenas de estudos como também de prática, e é somente na prática que encontra-se a verdadeira religião.
É viável que neste momento eu possa desviar-me brevemente do assunto principal sem deixar de lado ainda o método de pensamento que estamos utilizando... Nossos estudos adentrara-se num tema metafísico de imprescindível importância, pois conhecemos a realidade ( ? ) e para entendermos ela devemos interpretar-la. O recurso utilizado para interpretar a realidade é a linguagem. Assim é lógico imaginarmos que não conhecemos a realidade de maneira direta, mas sim através de um veículo de interpretação, os músicos, por exemplo, quando exteriorizam através de sua arte o entendimento de suas realidades põem em pauta um outro veículo de interpretação que em hipótese alguma se assemelha à linguagem, ou mesmo pode até se assemelhar no que se refere à mesquinhez com que logra transmitir algo da realidade propriamente dita. Um grande problema pelo qual nos deparamos é que vivenciar sem interpretar é não vivenciar segundo o ponto de vista humano, os animais não interpretam o que vivem, vivem por viver cada momento, mas nós não: queremos dar motivos à tudo o que fazemos, neste aspecto ( o aspecto essencial ) os animais são mais evoluídos que nós, pois assim são os únicos que conhecem a realidade pela realidade.
Adaptemos então à corrida a idéia antecedente: Quê é conhecer a realidade? Qual o modo mais sublime e perfeito de conhecermos a realidade? Desenvolver temas e fazer um processo dialético infindável? É de se convir que a linguagem é um meio de interpretação e não o fim propriamente dito, assim, queira sim ou queira não o único modo de se conhecer a realidade é vivenciando-a, ainda que teimemos em querer interpretar o que vivemos e colocar tudo no âmbito de letras, notas e cores.
Assim, o significado de um movimento é o próprio movimento e nada mais, a realidade do homem é o corpo que se movimenta e nada mais. Julgo que esta afirmação tenha surtido suficientemente digna para concatenarmos a idéia de que o nível máximo que um ser pode ter de contato com a realidade se apresenta quando ele entra em contato direto com a realidade do mundo em sujeitar-se a interpretações da realidade, o meio de expressão representa a tentativa de transmitir o que foi vivenciado, o próprio sentimento é um meio de expressão, e os meios de expressões são fugazes cópias em preto e branco da realidade, é por isto justamente que há o termo “santa indiferença” entre os católicos, pois o homem santo deve unir-se à realidade divina sem ousar interpretações. Chegamos então à um ponto mais elevado de discussão, um momento em que a corrida não precisa de motivos, explicações ou fundos ideológicos, corre-se apenas por correr e nada mais, apenas para vivenciar e entrar em contato com a realidade.
A religião é um tema por demais abrangente, a começar pela vasta quantidade de religiões existentes no mundo, julgo de suma importância referir que quando delimitamos este tema somente à esfera ocidental muito se perde em filosofia, já que o oriente possui concepções teológicas bastante ricas.
No universo tudo é harmonia, desde a mais ínfima flor até o complexo sistema solar em que vivemos, com suas leis de atração. Assim é de se supor que Deus fez as coisas visando um equilíbrio, um bem por assim dizer. Assim Deus é bondoso, pois do contrario haveria feito um universo, um mundo não harmonioso. Uma idéia que em muito me desagrada é a de Deus estar distante do homem, as palavras e frases que dizemos no dia a dia sempre têm uma interpretação bastante importante, mesmo quando proferimos distraidamente pois o inconsciente libera algumas brechas ao consciente, sendo assim as expressões mas simples das religiões devem sempre ser interpretadas com laboriosas discussões, para que possamos entender com clareza a metafísica da realidade.
É interessante notar que a criação do mundo foi feita por Deus. No entanto, a pergunta que comumente se faz é: Quem é Deus? Ou mesmo: O quê é Deus? O que é o mesmo que dizer: Como foi criado o universo? São perguntas que nos levam em seguida a pensar quem somos nós próprios e onde vivemos. Cada concepção revelará resultados diferentes, e trará interpretações diferentes às coisas mundanas. O que infelizmente acontece na maior parte da sociedade é que as pessoas, muitas vezes mesmo tendo uma religião específica, e freqüentando esta de maneira regular não cogitam o real impacto que têm a crença num determinado fato ou idéia religiosa. É impressionante o a leveza das revelações espirituais na vida das pessoas quando na verdade deveriam ser idéias tão pesadas quanto três montanhas juntas, no que se refere à influência ideológica e existencial a religião deve ter um peso preponderante na vida de qualquer um que tenha a presteza de levar suas crenças, idéias e visões à sério.
Tentarei aqui desenvolver um pouco mais as idéias anteriores de maneira a deixa-las o mãos claro possível: sir Isaac Newton revelou-nos de maneira extraordinária novas leis da física, não conheço com exatidão as fórmulas que este cavalheiro compôs, mas com um pouco de discernimento sou induzido a concordar que fazem sentido e assim as aplico à minha vida, de maneira que sempre que ver uma pedra caindo ou uma maré subindo relacionarei com suas leis e não ficarei tão abismado quanto ficaria se não soubesse destas fórmulas. Assim, estas são informações teóricas que aplico à minha vida, não porque quero ou não mas simplesmente porque fui induzido racionalmente às mesmas conclusões que ele quando o estudo.
Da mesma forma, se sou adepto de determinada religião, supõem-se que acredito tudo aquilo que ela prega, ou ao menos alguma parte, e que, sendo assim aplico aquilo que acredito à minha vida de modo que a experiência sensível ( relativa aos sentidos ) que tenho do mundo será suscetível à uma interpretação específica, sempre mediante àquilo em que acredito, da mesma maneira que acontecia ao lembrar-me sempre das leis de Newtom ao ver a maré subindo.
Entretanto, fazendo uma análise sincera da sociedade em geral, não noto sequer a ínfima influência de idéias religiosas nas pessoas. Assim conclui-se de modo lógico que as pessoas, não aplicando a religião à suas vidas nada mais fazem que simplesmente “bater cartão”na igreja, ou melhor dizendo: apenas comparecem ali por uma questão de presença física, mas não ideológica e espiritual.
Este é um problema bastante pertinente a discutirmos, pois na verdade o ser humano tende a simplificar em demasia o conhecimento de sua realidade, e, neste processo, acaba por extirpar de sua vida a metafísica religiosa já que a base inicial da humanidade é a física e suas necessidades prementes são a sobrevivência através do trabalho. Este processo de simplificação rege um pensamento mono articular que faz com que pensemos que a realidade é unicamente física, assim, por mais que qualquer religião diga, com laboriosas dialéticas ou mesmo com processos mais incisivos de conversão ideológica, que Deus foi quem criou o mundo ou que os sonhos são viagens espirituais com corpos astrais, nossos processos de simplificação da realidade são tão primitivos que não conseguimos de forma alguma aplicar as filosofias mais complexas à nossas vidas. Em real é uma falsidade dizer que se é adepto de determinada religião sem que realmente se aplique suas idéias à vida.
O ser humano é então, diante de Deus o mesmo que o cachorro ou o macaco diante do homem. Morremos de rir quando notamos que um cachorro não têm consciência de sua ingenuidade, ignorância e até burrice. Ao contrário disto, Deus que é harmonioso e bondoso, não caçoa de nós mas simplesmente vê o quão distantes estamos da realidade maior.
O corredor está então, quando crente nas verdades divinas, totalmente submetido à realidade na qual está inserido. Ainda importante frisar o quão valoroso é o contexto da moral religiosa. Muitos dizem que vivemos em uma sociedade deturpada e perdida, inserida totalmente na violência e marginalidade, não obstante julgo como idéias exacerbadas que há uma ênfase exagerada por parte da mídia concernente à estes aspectos, a religião traz há muito tempo o ideal de paz entre os povos e as pessoas, o que é o que de melhor poderia acontecer à toda a humanidade, no entanto até isto deve ser submetido à interpretação. Quê diriam os senhores leitores que é paz? Quê é bondade? Quê poderíamos dizer daquele que rouba ou mata apenas por fome ou sobrevivência? As idéias religiosas só poderiam se efetivar totalmente quanto a parte da sociedade que não é religiosa aderir à elas, para isto teríamos que reformular o sistema econômico em que vivemos, criando talvez uma sociedade socialista onde os valores monetários pudessem ser distribuídos igualmente, eliminando a parte física do problema, a parte espiritual deveria ser trabalhada num contexto ideológico, pregando tudo aquilo que se prega nas religiões, e de infelizmente maneira escassa as idéias humanas.
É evidente que a maneira de pensar da sociedade é influenciada pelo sistema econômico em que vivem, por certo o meio capitalista traz uma sede insaciável por bens materiais, o que é contra as idéias espirituais de jejum, abstinência sexual e irmandade pó exemplo, isto nos dá uma clara noção dos motivos que levaram as pessoas a pensarem como pensam, e a serem como são. A liberdade por certo é um conceito bastante relativos, porque se tivéssemos nascido em lugares com sistemas econômicos diferentes estaríamos com idéias e noções religiosas diferentes ( não só religiosas claro ) assim isto é por certo uma privação de liberdade, e das liberdades esta é a maior liberdade que existe: a liberdade de pensamento.
Muitos não fazem questão de difundir idéias inovadoras aos outros, pois do próprio contexto ideológico em que estão inserido extraem vantagens, os que estão sendo ludibriados não podem simplesmente ficar parados, senão começar um progresso através das ferramentas que dispõem.
Por tudo isto, até hoje, as idéias religiosas não foram de maneira efetiva inseridas à sociedade, caso isto ocorresse, uns poucos com muito poder financeiro e ideológico teriam de dividir isto com o grande contingente da humanidade. É possível ainda que no papel ( Leis ) Haja algo semelhante à idéias de Deus, não obstante há outros papéis, subterfúgios, assinaturas e entre caminhos que fazem uma sociedade desigual.
A solução para esta problemática está supostamente no desenvolvimento moral da sociedade, proveniente tanto de idéias religiosas como das humanas desenvolvidas através de muitos séculos. O poema Chaves de luz ( Consulte o capitulo 34 – Espargir de novas idéias ) retrata de maneira bastante atraente uma metáfora concernente às idéias aqui desenvolvidas, pois o que é feito com o conhecimento é o mesmo que é feito com o lado escuro da lua, simplesmente oculta-se para vantagens específicas.

C - Sobre a interpretação sensorial do mundo:

O aprendiz e o virtuoso sensitivo:
Os caminhos verdadeiros estão na essência
Não se deixai ludibriar pela vida aparente
No silêncio da alma e da própria tristeza
Emerge a alegria
Pois tudo que é brusco e que acontece de repente
É falso
Quereis algo mais verdadeiro que a tristeza?
Algo mais espirituoso que a lágrima?
Os caminhos verdadeiros estão no silêncio da tristeza
Na letargia da arte
No antagonismo da loucura
Na força descomunal do virtuosismo
Os caminhos verdadeiros estão na lágrima humana
Gotas dos divinos céus
Força poderosa irresistível
Pobres daqueles que não percebem
Que quem rege a vida é o próprio inconsciente
E não este consciente perdido e minúsculo
As novidades são promissoras
Contanto que a pessoa tenha a sutileza da percepção
Pés firmes à terra
A arte é a vida que nunca poderá morrer
Distante e próxima de tudo

Os sentidos realmente enviam estímulos ao espírito, libertando-o de uma letargia nefasta à vida, letargia de paralisação, por isto digo-vos que é através dos sentidos que chegamos à Deus. Haveria por certo um nível superior aos sentidos que seria a própria interpretação dos sentidos ( visão, tato, olfato, paladar e audição ), assim, quando o vento resvala, a pele sente e os pensamentos interpretam o que foi sentido como algo sagrado, e assim o pensamento eleva-se à um patamar espiritual. É evidente, que há uma diferenciação nos sentidos que são “enviados e captados” pela pessoa, já que podem ser mais ou menos complexos, tal como uma música clássica, ou mesmo os cabelos de ouro de uma donzela, os estímulos mais complexos tendem a proporcionar uma vivacidade, uma inflamação, um “efeito de elevação do espírito” maior naquele que os interpreta, enquanto que os estímulos sensíveis simples tendem a não provocar esta onda de virtuosismo e elevação.
No entanto estes conceitos ainda são relativos, já que como os estímulos sensoriais são suscetíveis à interpretação há considerável dependência de conceitos, valores e idéias internos naquele que interpreta, assim, pode ocorrer de um estímulo sensorial simples tal como o rufar de um tambor distante, ou a beleza das folhas de uma árvore tornarem um motivo suficiente forte para inflamar o espírito daquele que vê ou ouve. Assim temos a seguinte disposição de fatos:
 Estímulos sensoriais complexos – A composição de uma sinfonia, uma exposição de esculturas renascentistas, um livro sobre metafísica.
 Estímulos sensoriais simples – Coisas “pequenas” que nos ocorrem o dia a dia, pinturas mais abstratas que realistas.
Assim esta coisa aparentemente pequenina transforma-se em algo grandioso e sagrado ao intérprete. Ocorre também que as pessoas interpretam de diferentes maneiras os mesmos estímulos, isto pode ser motivo de muitos casos de desentendimentos e discussão, mas também de estupefação e surpresa. Por isto também a concepção estética de belo e agradável é variável de indivíduo para indivíduo, assim, os estímulos do mundo possuem tantos sentidos quanto existem pessoas para interpreta-los.
Um fato que acontece é o desenvolvimento da interpretação de estímulos sensoriais, no início o indivíduo não dá muita importância aos detalhes ( estímulos simples ), na medida em que convive com os estímulos, aprende a entender os complexos ( cultura complexa ) automaticamente quando têm a percepção dos estímulos simples, passa à dar à eles outro significado, supostamente um significado mais elevado.
Assim como percebe o mundo através de seus estímulos sensoriais, percebe as pessoas, e, com o desenvolvimento de sua capacidade perceptiva ou: “sensibilidade do espírito” passa a perceber detalhes nas pessoas; Detalhes estes que passam despercebidos às próprias pessoas que se julgam portadoras do conhecimento de si mesmas. Estes detalhes podem ser transcritos em uma lista de exemplo, entretanto um fato que ocorre, muito diferente do conhecimento construído pela razão é que a “sensibilidade do espírito” é embasada não em linhas de atuação específicas, racionais e intelectivas, mas sim uma atuação intuitiva.
Estes detalhes que são exalados pelas pessoas podem estar desde uma palavra específica que ela proferiu em um discurso, uma atitude que ela tomou ou mesmo num pequeno movimento involuntário ( voluntário na inconsciência ) de seus olhos.
Em geral a capacidade perceptiva de um sensitivo é de maior envergadura ( colocamos aqui como sensitivo a pessoa que desenvolveu através de um processo educativo a capacidade de percepção dos estímulos sensoriais simples de forma complexa. ), tudo no mundo tem um sentido diferente do que se assemelha quando analisado numa primeira instância de maneira rápida, frugal, despreocupada e informal.
Para simplificar temos ESC para Estímulo Sensorial Complexo, e, respectivamente ESS para Estímulo Sensorial Simples, vamos agora ver um fácil entendimento do problema de interpretação por cada uma das partes:

SENSITIVO
ESC Consegue assimilar de maneira global o sentido e a mensagem.
ESS O ESS se transforma em algo com um contexto complexo ( a arte exclusivamente abstrata por exemplo ), podendo ultrapassar o ESC em inflamação do espírito.
APRENDIZ
ESC Tem dificuldade em assimilar o complexo
ESS Entende melhor aquilo que é simples

A diferença entre o aprendiz ( que está colocado como a pessoa que precisa de um desenvolvimento educacional para a “cultura complexa” ) e o sensitivo é que o sensitivo transforma os ESS não em ESC pois isto é impossível, mas em idéias, sentimentos e percepções mentais complexas de modo que consiga ter o espírito inflamado com apenas um detalhe ( aparentemente um detalhe ), enquanto o aprendiz, com sua visão limitada, não consegue entender os estímulos complexos e os relega à um segundo plano, e dá valor diferente aos ESS do que é dado pelo sensitivo.
Tudo isto é bastante visível quando notamos que há muita gente que vive fazendo brincadeiras, e mesmo segundo determinado ângulo seja de grande comicidade sob outro prisma não há a menos graça. Assim o sensitivo se torna indiferente à muitos aspectos da vida, o aprendiz, por este motivo, interpreta o próprio sensitivo como uma pessoa estranha, séria e sem graça, do mesmo modo que o virtuoso sensitivo julga o aprendiz como ingênuo desconhecedor de realidades maiores.
Esta indiferença do sensitivo nada mais é que a não complexidade pela erraticidade mundana, a não participação no erro do aprendiz. Pois o sensitivo não é mundano, mas já tem uma ascensão cultural, uma sabedoria além do comum, por seus contínuos esforços. ( aliás: aquele que não se esforça não se torna sensitivo ), e principalmente por sua moral elevada e correta é um homem de valores transcendentais, vê o que é oculto à muitos, percebe nuances que poucos perceberiam, nota detalhes de difícil acesso.
Finalmente chegamos ao maratonista, este é por excelência o maior exemplo do esforço, dedicação e vontade, o que condiz com um movimento de espírito grande; O maratonista nota detalhes de seu corpo que não corredores ou até mesmo corredores de distâncias mais curtas não percebem, é evidente que estas percepções não se restringem ao âmbito corpóreo mas se alastram aos aspectos psíquicos como capacidade de concentração ( que é ampliada ), aliás, existe uma diferença entre concentração e introversão. Concentração é a capacidade de concentrar-se em algo que está fora da mente ( como o percurso, as passadas, as dores do corpo ou o ritmo ), enquanto que introversão é a capacidade de ampliar de desenvolver idéias, imaginações e divagações dentro da própria mente. Tanto uma quanto a outra ajudam o corredor, sendo que cada momento requer um necessidade específica. Em geral o religioso, aquele que ora com fé e devoção têm as duas capacidades desenvolvidas, pois as imaginações se propagam em sua mente de maneira espantosa, em geral ele se concentra na visão de um objeto devocional específico ou na própria oração que profere, recebendo de si mesmo um ESS auditivo, que por repetição pode facilitar a interpretação complexa do simples, da qual havíamos falado antes.
Agora proponho uma pergunta: O corredor religioso é mais sensitivo que o não religioso? Conforme citado, caso o indivíduo seja um religioso de verdade e não apenas na aparência, ele dá à vida um valor diferente do que os outros ( ateus ou descrentes ) dão, um valor que respectivamente transcende a “percepção dos sentidos humanos”, pois estes são insuficientes para a adoção das idéias e realidades divinas. Assim, os religiosos devem recorrer ao campo das idéias, da devoção e ao campo da intuição, que são ( os dois últimos ) aspectos que o sistema econômico-ideológico ocidental atual suprime no potencial humano. Para concluir de maneira suscinta esta idéia temos a seguinte ordem de ascenção:

Percepção dos sentidos humanos = Interpretação racional da realidade
Percepção sensitiva = Idéias, Intuição, Devoção - - DEUS

O corredor religioso, é por isto, mais criativo que o ateu, com isto interpreta de maneira mas espontânea as situações que exigem improviso e criação, como um filósofo, ( aliás, a religião têm muitas vezes um contexto dogmático, ideológio e filosófico forte ) têm uma capacidade de abstração da realidade para além do comum, pois isto é o mínimo que a religião exige, então ocorre um processo de internalização da realidade propriamente dita ao mundo das idéias, a realidade é submetida ao julgamento da consciência espiritual. ( dotada de idéias, experiências e criações mentais ) Forma-se assim uma nova realidade:

Realidade – Mente e consciência espiritual – Nova Realidade
Sentidos – Interpretação Sagrada – Sentimentos – Movimento do espírito


Infelizmente, hoje em dia, os valores religiosos estão distantes da sociedade, mas a sociedade não pode se deixar influenciar por valores meramente pragmáticos e totalmente funcionais, mas deve aos poucos procurar entender que existem modos diferentes de entender o mundo que fogem ao entendimento racional das coisas. A religiosidade é uma maneira de entender o mundo que abarca em si filosofias de explicação do início do mundo e do motivo existencial, tanto do mundo quanto de nós mesmos, poderíamos dizer que a religião é uma filosofia existencial. Muitos acreditam que as religiões são extensões da psique humana no sentido de colocar suas frustrações em um ideal desejado, respectivamente de paz e realização. Ou seja: um resultado psíquico das frustrações da vivência humana.
No entanto esta explicação pessimista para a criação das religiões não interessa ao religioso, pois este vê o mundo sob outra perspectiva, e mesmo que esta escandalosa teoria seja colocada em pauta não tira de maneira alguma o mérito funcional das religiões, de anfitriãs da melhor maneira de viver que há no mundo, pois após explicar o mundo é desenvolvida e consolidada uma maneira de viver específica, mediante a definição de um objetivo. É como saber o que é um gorro de inverno, e após descobrir que serve para protege-se do frio passar a utiliza-lo segundo sua utilidade, assim é a vida, após sabermos o que é ela, utilizamos ela da maneira correta.
D - Síntese sobre a realização humana
Pensar em Deus nos faz pensar no destino humano, porque Deus e suas noções constitui um sistema de realidade específico, descobrindo este sistema logo nota-se que há uma postura específica diante dele, que leva evidentemente à algum destino, este que por certo não constitui um caos, pois o caos não é sistemático e portanto não é Deus. Qual é no entanto a nevrálgica essência do viver mundano? Qual é a realização que torna o homem completo enquanto ser?
As coisas, consideradas por nas boas, que conseguimos em nossas vidas nos trazem alegria. O ser humano é de tal modo dotado dum sentimento de sobrevivência que até a esperança pode lhe trazer um laivo de alegria. Quê é a esperança senão uma suposição fugidia duma probabilidade remota de que algo ocorra?
A única coisa que em real nos traz um sentimento de realização é aquela que foi com bastante antecipação programada por nos, que por certo tempo ficamos ansiosos para que ela ocorresse. Um dos grandes segredos das maratonas, e em menor intensidades em competições de menores distâncias é que se justificam justamente por este processo de que estamos falando, e se utilizam cabalmente da especificidade de expectativa da mente humana. É por certo um grande evento que possui uma série de recursos que influenciam, por sua vez, na emotividade humana, e ainda, pelo fato de se tratar de algo de grande dificuldade, um novo fator se acrescenta: superação, e uma das características da realização humana enquanto experiência é a de superar determinada dificuldade.
A alegria e a tristeza são provindas meramente da quantidade de expectativa que fora posto diante de determinada situação, evento ou objeto. Aquele que não espera nada conseguir de uma maratona, e a corre apenas por divertimento descompromissado provavelmente não ficará triste se acaso vier a obter um resultado péssimo, do contrário se o corredor coloca um excesso de expectativas positivas num resultado, antes de obtê-lo e se prostra na realidade diante de um péssimo resultado certamente não só ficará abismado como muito triste. A realização humana, portanto, está intimamente relacionada com o nível de expectativa colocada no empreendimento, é evidente também que se acaso é colocada muita expectativa positiva num evento e este é bem findado ocorre que a realização será tão grande quanto foi a expectativa.
O errado no entanto é colocar as mais gloriosas bênçãos numa maratona que foi destituída de treino, isto é o exemplo de que os corredores devem ter um mínimo de discernimento em suas ações, não adianta achar que mesmo sem treino haverá um resultado otimizado.
Tornar-se completo enquanto ser humano é saber qual a quantidade de expectativas correta que devemos colocar num evento, sabendo o que fora aplicado até então para que este evento seja realizado. Isto é o exemplo do bom discernimento. Na realidade muitas realizações podem tornar o homem completo enquanto ser, j’que as expectativas que as pessoas colocam nas coisas estão em diferentes níveis para coisas diferentes, o fato é que o homem nunca cansa de buscar, enquanto vive busca algo. O homem busca algo, este algo pode ser definido como felicidade, a felicidade, por sua vez, só é provinda mediante uma realização que demanda a expectativa e o bom senso.Nos deparamos com o seguinte panorama:
Homem completo enquanto ser
HOMEM – EXPECTATIVA – REALIZAÇÃO – FELICIDADE
Esta breve sinopse demonstra claramente o processo de realização de eventos da vida humana, estes eventos podem ser exemplificados como a ida à uma festa, um filme específico assistido, uma formatura ou mesmo uma maratona. Todos estes devem ser nestes momentos eventos importante ao ser que os vivencias, pois este colocou o nível de expectativa correto nestes eventos, são eventos considerados pelo sujeito como cerimoniais, com importância significativa em suas vidas, são situações consideradas como passagens específicas de estados de estar, de uma conotação específica passa-se à outra, deve haver este sentido de mudança e transformação para que seja uma realização que realmente torne este personagem da vida real um ser humano completo.
O homem não pode viver somente de sonhos, somente de expectativas, deve também realizar para ter a sensação de que houve uma concretização em suas cogitações, mesmo que a sensação de realização seja provinda de uma simples situação. ( um pórtico de chegada por exemplo ). Insisto em dizer que a maratona é o maior modelo que pode haver para provocar no ser humano a sensação ou noção de concretização de um ideal. Ela exige em geral dois ou três meses de treinos intensos e dispendiosos, toda esta dedicação que vêm da parte de quem treina faz com que se crie cada vez mais expectativa, o que doa ao evento uma gama de energia incalculável, portanto, na medida em que passa o treino a expectativa aumenta e o evento fica conseqüentemente cada vez mais importante, estes são em suma, valores abstratos, emotivos e ideológicos que vão se transformando pouco a pouco no pensamento do corredor. Acontece que a maneira pela qual entendemos o mundo, e construímos por ele a interpretação da realidade é de exclusiva abstração, por isto podemos dizer de maneira inegável que o evento fica cada vez mais importante quanto mais passa o tempo.
A realização é portanto a raiz das vivências humanas que faz o ser sentir-se completo, vamos no entanto complicar um pouco mais: podemos dividir as realizações em grandes ou pequenas, conforme tanto o seu tamanho como o nível de energia psíquica que aplicamos nesta realização. Assim um simples abraço, olhar ou beija pode ter uma conotação de estupenda importância, enquanto que uma maratona de 42.195 metros pode ser corrida sem que seja dada qualquer importância psíquica. Onde o ser humano deve então procurara a realização para chegar à felicidade? As bases deste problema são maleáveis porque são psicológicas, tudo culmina no fator chamado nível de importância, dividiremos em dois para simplificar e exemplificar:
NÍVEL DE IMPORTÂNCIA ALTO X NÍVEL DE IMPORTÂNCIA ESCASSO
Inserem-se aí mais dois termos que se relacionarão com os dois primeiros:
REALIZAÇÕES GRANDES X REALIZAÇÕES PEQUENAS
Supostamente notamos que numa co-relação destes quatro termos podemos encontrar um sujeito que realize um evento de grande escala sem dar quaisquer importâncias, enquanto outro que executa algo pequeno dando uma super importância. Tudo se relaciona com as características psicológicas dos sujeitos em questão, e com os valores que são dados por eles a cada uma das coisas. Podemos nos deparar com um homem completo enquanto ser numa realização pequena que numa grande pois tudo se passa num âmbito psicológico, daí provém a afirmação conveniente neste caso de que a realidade só é válida na mente, tudo apenas pelo motivo de que a realização é psicológica e não física em si, pois se fosse física o homem só se tornaria completo quando submetidos aos mais altos níveis de suplicio como maratonas ou situações penosas como a guerra.
No entanto, deve haver alguma ressalva como há em todos os assuntos, aliás devemos sempre assinalar possíveis contradições para melhor definir o tema e evitar esquecimentos. Como eu dizia: No entanto se acaso o homem sente-se cômodo de tal maneira que não procure se movimentar, não encontrará a realização e tampouco a felicidade, pois a felicidade só provém da realização, este verbo por sua vez exige movimento, mudança de estados como citado anteriormente. Este é o caso análogo e retrógrado da não realização, que é repudiado com unhas e garras por uma sociedade de produção e capital, donde estar parado é pior que estar morto pois supõe-se que haveriam forças para labutar.
Então nos perguntamos: de onde realmente vêm a felicidade? E acima de tudo: O quê é a felicidade? E talvez: Qual a importância da felicidade? Até agora nos referimos à felicidade como um estado sublime de êxtase provindo duma realização, portanto de um ato específico. Mas ainda não cogitou-se se acaso a felicidade possa ter outra origem, ou mesmo origem na inatividade.
A cultura oriental, especificamente da Índia dá um valor muito grande à não atividade, chegar à realização transcendente através do encontro de um silêncio interior, não há necessidade de realizações heróicas ou de atuações que transformem o mundo, pois a realidade do mundo em essência sempre será a mesma e as mudanças são apenas ilusões criadas pela vontade humana, assim: Para que viver num mundo de ilusões transitórias se o objetivo final é o silêncio? Nesta visão quanto antes o homem descobre que vive uma ilusão melhor, o que não desvirtua o lado humano da concepção do real, apenas é uma visão totalmente distinta, que retira do mundo a necessidade de histórias heróicas, cheia de detalhes que intensificam suas características marcantes, a personificação e dão à estas histórias uma personalidade distinta.
A personalidade é uma característica que diferencia uma pessoa de outra, é o que faz algo ser distinto de muitos outros, mesmo que sejam similares. Podemos medir a personalidade de uma pessoa através de suas reações à determinados estímulos ou mesmo por sua maneira de pensar e agir no mundo que a cerca. Assim, as pessoas reagem aos estímulos utilizando-se de toda a bagagem moral, intelectual e cultural que possuem. Vejam que de maneira precisa podemos concluir que a cultura influencia sobre a personalidade de uma pessoa, pois a cultura está relacionada com a formação de valores desta pessoa. Assim, pode-se distinguir que cada Nação distinta possui uma personalidade específica.
Por quê a discussão recaiu tanto sobre personalidade? Anteriormente era dito que para que o homem tivesse sua realização deveria passar pelo processo de: Homem / Expectativa / Realização / Felicidade, que é um processo que envolve realização, realização nada mais é que movimento e mudança que representa a caracterização específica das situações, colocando à elas uma personalidade. O homem deve para chegar à Deus intensificar sua personalidade, dar valor aos aspectos que o fazem diferente dos outros homens, pois ele é aquele que conseguiu isto e aquilo e que é deste modo específico. Não havendo esta caracterização minuciosa que a humanidade ocidental dá à seus integrantes todos seriam iguais, não haveria a valorização das ações, assim como ocorre na Índia, e a ascensão à Deus pode ser feita através de um silêncio total, pois o mundo é uma extrapolação da própria vontade humana.
Durante uma prova de maratona acontece um processo muito pertinente, e que têm muita relação com nossas discussões teológicas. Cada corredor é apenas mais um dentro de um grande contingente, perde sua personificação, e faz o que todos fazem o que é a mesma coisa que deixar de fazer. Se todos correm é como se estivessem parados, se comparamos, entretanto, com os espectadores, o corredor têm uma ação efetiva, e realiza uma façanha, só é façanha porque não é realizada pelos outros, pois do contrário façanha seria ficar parado, assim temos que façanha ou ação é tudo aquilo que é diferente ou movimento. Podemos colocar todos estes termos como sinônimos, enfatizando que mesmo o ficar parado pode ser uma ação, contanto que seja diferente do resto. Se todos ficam parados ocorre despersonificação, se somente um está parado este estado passa a ser personificação.
Jesus diz que todos são iguais, no entanto para ser igual é necessário destituir os humanos da personalidade, e isto é medonho à qualquer um, pois a personalidade é como se fosse a própria vida, se fossemos todos iguais não seriamos mais caracterizados, e o Eu não seria eu e se perderia num grande todo. Os Brâmanes indianos já deram um fim à esta problemática aceitando o universo como um todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário